Estradas roodoviárias no sertão pernambucano
JORNAL DE ARCOVERDE n.297 – Maio/Junho de 2017
Estradas rodoviárias no sertão pernambucano
Pedro Salviano Filho
A construção
de estradas rodoviárias em épocas de grandes secas foi estratégia governamental
para se tentar aliviar o severo problema.
Apesar das
indesejáveis e horríveis adversidades da seca a região sertaneja de Pernambuco,
na segunda década do século passado, conseguiu converter o fenômeno em fator de
desenvolvimento. Afinal, nesta época, as estradas de rodagem eram praticamente
inexistentes na vila Rio Branco, embora ali já fosse fim de linha ferroviária, que
assim ainda permaneceu por 21 anos, o mais importante fator desencadeante do
crescimento local.
As estradas
rodoviárias Rio Branco-Triunfo (inaugurada no fim do ano 1916), Rio Branco-Buíque
(inaugurada em 1919) e Rio Branco-Pedra, seculares estradas, são temas deste
assunto, onde os registros aqui compilados permitem um novo olhar sobre a nossa
história.
Como
veremos, Manoel Siqueira Campos, coronel Dudu, foi o construtor da estrada Rio
Branco-Triunfo. Arcoverde tem hoje uma rua, a Cel. Siqueira Campos goo.gl/kY9KmW e também bairro https://bit.ly/2BC7eGQ com mesmo nome. Seria homenagem ao
construtor da estrada Rio Branco-Triunfo?
A seguir
confira os registros das ações que levaram ao desenvolvimento das estradas na
região.
(Para ver
muito mais histórias da região veja
os links no final deste artigo)
1849 –Livro
de Atas das sessões da Câmara Municipal de Cimbres de 1840 a 1854. Coleção
Documentos Históricos Municipais n.10, Recife, 2016, página 172:
«Ata da 3ª sessão ordinária de 12 de julho de 1849 [...].
Um requerimento do juiz de paz da povoação do Olho d´Água, deste Termo,
requerendo a fatura de uma estrada da povoação acima declarada para esta vila,
e entrando em discussão foi deferido pelo cômodo trânsito público [...].»
Município de Arcoverde (Rio Branco).
Cronologia e outras notas. 1982 –
Luís Wilson, Recife-PE. Página 62, onde o documento original acima foi assim
transcrito: 1849 – «Joaquim Severiano de
Albuquerque, juiz de paz de Olho d´Água, requer à Câmara de Cimbres a
construção de uma estrada fazendo ligação entre a povoação de Olho d´Água e a
Vila de Pesqueira, no que foi atendido e tendo sido, sem dúvida, a partir
daquela época, que o Caminho das Boiadas (Roteiro do Ipojuca), começa a passar
naquela povoação; [...].»
Em
1880 um mapa mostra a situação de Olho d´Água dos Bredos (hoje Arcoverde)
e outras localidades: goo.gl/E8jvKM
No detalhe algumas localidades entre Triunfo e Olho
d´Água dos Bredos (segundo topônimo de Arcoverde), onde, em 30 de dezembro de
1916, foi inaugurada a primeira estrada rodoviária. Mapa do turismo PE atual: https://bit.ly/2VfiIqR.
O
Almanak Laemmert, daquele 1916,
apresentou o mapa ferroviário do estado
de Pernambuco (detalhe acima): goo.gl/IgiKhk
1890 - Jornal
de Recife – goo.gl/z2HLzK , 4ª col. «[...] Ainda é tempo do governo mandar
fazer os açudes das vilas do Buíque e da Pedra, de Santo Antônio do Tará e do
Mundo Novo, e a estrada de Buíque a Garanhuns, para socorrer ao povo,
matando-lhe a fome e acabando com a nudez.»
1908 - Dicionário corográfico,
histórico e estatístico de Pernambuco, de Sebastião de Vasconcelos Galvão,
Rio de Janeiro, 1908, pág. 406 (vol.1), goo.gl/4CrWtS : «Olho d´Água dos Bredos.
Povoação. Situada no município de Cimbres ao poente da cidade de
Pesqueira e desta distante 55 quilômetros, fica encravada entre a serra da
Aldeia Velha e um serrote de pedras, um tanto alto; está em terreno plano e
arenoso a mesma povoação, junto da qual pelo lado do sul corre o riacho do Mel,
sempre seco durante o verão, e onde, nessa época, abrem cacimbas. Consta o
povoado de umas 40 casas, dispostas em duas ruas, contando cerca de 300
habitantes, e possui uma boa capela, fundada por Leonardo Pacheco do Couto, sob
a invocação de N.S. do Livramento. Daí à vila da Pedra medem 30 quilômetros. Por essa povoação é a melhor estrada que há
no município para o interior do Estado, visto como não se tem de subir a
serra do Ororubá. Na época própria é admirável o movimento de boiadas e
cavalarias, que por ai fazem o trânsito [...].»
10-09-1912
– O Paiz (RJ), goo.gl/ZRfQic , 6ª coluna: «[...] Ao mesmo tempo, a divisão
procede aos estudos, que aguardam
próximo termo, da estrada pública entre
Rio Branco e Buíque, em uma extensão de cerca de 40 quilômetros».
10-05-1914 - Jornal do Recife, goo.gl/DLkctz, 2ª col. «[…]Obras contra as secas.[...] No correr do ano
de 1913 […] estão concluídos os estudos de estradas carroçáveis: […] em
Pernambuco, de Rio Branco a Buique, com 33 quilômetros […].»
29-02-1916
- O Paiz (RJ), goo.gl/SZW7f2 , 3ª col.: «Pelo Ministério da Viação foi
solicitada do da Fazenda a distribuição do crédito de 20:000$ à delegacia
fiscal em Pernambuco, por conta do crédito aberto pelo decreto n. 11.641, de 15
de julho de 1915. A referida quantia será entregue em quatro partes, como
adiantamento, ao encarregado das obras
da estrada de Rio Branco a Triunfo, sr. Manoel Siqueira Campos. »
No
livro Um sertanejo e o Sertão, Ulisses Lins, Rio de Janeiro, 1976, pág.
116: «Logo que regressei a
Alagoa de Baixo, segui para Triunfo, e vi que muita gente trabalhava na serra,
rasgando-lhe as encostas, sendo informado de que se construía uma estrada de
rodagem. Achei graça, pois não podia admitir que os carrinhos Ford – pioneiros
no interior – tivessem peito para escalar as ladeiras valentes da serra da
Baixa Verde. Fora Manoel de Siqueira Campos (Dudu), grande comerciante ali,
espírito arrojado e empreendedor, quem tomara a iniciativa daquela tarefa de
Hércules. Providencialmente, centenas de sertanejos famintos – estava no auge a
tremenda seca de 1915 – ali estavam matando a fome, com os parcos salários
recebidos. O dr. Manoel Borba havia
acertado com Siqueira Campos a construção da estrada, aproveitando a época do
flagelo climático, a fim de evitar maior êxodo dos sertanejos, e prometera ir a
Triunfo, logo que a estrada estivesse terminada, O que fez , efetivamente.»
1915 - Município de Arcoverde (Rio Branco).
Cronologia e outras notas.), Luís Wilson, Recife, 1982,
pág. 83. «O governo do Estado ou o
Governo Federal, para auxiliar os flagelados da “Grande Seca” daquele ano,
manda construir a Estrada de Rodagem de
Rio Branco a Buíque. Manuel de Siqueira Campos manda construir também a Estrada de Triunfo a Rio Branco, com a
mesma finalidade, comparecendo a inauguração desta última, entre outros, o dr.
Manuel Borba, governador do Estado, tendo sido recebido em Alagoa de Baixo
(Sertânia), pelo dr. Ulisses Lins de Albuquerque e, em Custódia, pelo cel. José
Estrela de Sousa, Esperidião Mariano de Sá (pai do deputado José Gomes de Sá),
Quinca de Sá, José Cassiano Pereira e outros amigos. Os automóveis em que
viajaram a Triunfo o Dr. Manuel Borba, governador do Estado, e sua comitiva (um
dos quais do Cel. Delmiro Gouveia e outro do Dr. Romeu Pessoa de Queiroz),
vieram até Rio Branco em um carro de nossa antiga Great Western. Aqueles foram,
talvez, os primeiros automóveis a passarem em Rio Branco, que em 1922, já possuía sua agência “Ford” e, entre
outros carros particulares, um “Studbaker” do cel. Félix de França (Brejo de
São José, em Buíque), para nove pessoas, um “Overland”, de Nebrídio Granja e
outro carro do cel. Arcelino de Brito. Entre
os anos de 1922 e 1924 a “praça” de Rio Branco possuía seis ou sete automóveis.»
Nesta foto
aparecem 7 veículos para desembarque na estação ferroviária Barão do Rio
Branco. Segundo o sr. Augusto Geraldini, do Clube do Fordinho - Brasil, “os veículos
apresentados na foto são da marca Ford, modelos T do ano de 1923, pois parecem ser carros novos,
seguindo para alguma revenda Ford. As duas janelinhas traseiras retangulares,
são típicas deste modelo do ano de 1923.”
15-06-1915 - Jornal do Recife, , goo.gl/X53Rq7 , 3ª col. «Entre as obras a serem executadas para auxílio dos
famintos, […] estrada de rodagem de Rio Branco a Buique.[...]»
18-02-1916 - Diario de Pernambuco, goo.gl/Px7IUJ , 5ª col. «Estrada de Rio Branco a Buique. Para Rio Branco,
aonde vão escolher local para a instalação do escritório da Inspetoria de Obras
contra a Seca, seguem hoje os engenheiros drs. Lincol e Almeida, chefe da
comissão de estudos da estrada carroçável de Rio Branco a Buique, Joaquim
Olyntho Bastos, secretário, o dr. Graciliano Martins, engenheiro da
fiscalização federal das Estradas. Vão em automóvel especial da Great Western.
Partirão da Central às 7 horas devendo regressar no próximo sábado. Segundo nos
informam, na semana próxima seguirá para Rio Branco toda a comissão.»
25-02-1916 – Diario de Pernambuco, goo.gl/x8jnF7
, 5ª col. «De Rio Branco a Triunfo.
Escrevem-nos: A estrada de rodagem para automóveis, que se iniciou em Triunfo,
sob a ação benéfica e patriótica de Siqueira Campos, é uma obra que merece de
modo especial a atenção do exmo. sr. dr. Manoel Borba, ilustre governador, que
com brilho e critério vai, como ótimo timoneiro, levando os destinos do estado.
Para essa estrada de rodagem, que está sendo no momento atual a salvação de um
milhar de famintos sertanejos, chamamos o olhar do eleito do benemérito chefe
do Estado que, estamos certos, tomará máximo interesse para que os nossos
irmãos do interior gozem também um pouquinho do influxo redentor da
civilização, que apagará as manchas desse sol nebuloso da politicagem. No dia
em que s. excia tiver realizado essa obra grandiosa, que é a estrada de Rio
Branco a Triunfo, o celeiro do sertão pernambucano, terá no coração de cada
sertanejo agradecido um altar de reconhecimento. [...]..»
21-11-1916- Diario de Pernambuco, goo.gl/5bIWWF, 3ª col. «[...] Desperta legítimo entusiasmo a maneira por que vem agindo o
coronel Siqueira Campos no interesse do engrandecimento material do interior do
nosso Estado. O espantoso desenvolvimento que tem conseguido dar ao comércio
numa extensa zona dos nossos sertões: a linha de automóveis. - Rio Branco a
Triunfo-, em construção, de sua iniciativa, embora contando com o auxílio dos
poderes públicos da União e do Estado; a construção de casas modernas e
confortáveis, na cidade de Triunfo; o calçamento da cidade do Crato, no Ceará,
no qual despendeu de seu bolso particular cerca de 14 contos de réis; são fatos
que positivamente revelam sua inconteste capacidade de trabalho e o seu
espírito unicamente progressista. [...]»
15-12-1916 - Diario de Pernambuco,- goo.gl/sdBOID, 7ª col. «Acha-se de viagem
para o Pará em companhia de sua exma. família, o dr. Pinto de Castro, que foi
um dos engenheiros encarregados da
construção da estrada de rodagem de Rio Branco a Buique.
29-12-1916 - A Provincia , goo.gl/zOLzli, 7ª col. «A Estrada de rodagem de Rio Branco a Triunfo.
Será inaugurada, a 30 do corrente, pelo exmo. sr. dr. Manuel Borba,
governador do estado, a estrada de rodagem, recentemente construída, de Rio
Branco, ponto terminal da estrada de ferro central, a Triunfo, o maior centro comercial
de todo o nosso sertão. S. exc. partiu ontem em trem especial, acompanhado do
capitão Martiniano de Barros, dos drs. José Apolinário, José Bezerra e Turiano
Campello, do farmacêutico Cícero Diniz, do coronel Siqueira Campos e fotógrafo
Horácio Alves, pernoitando sua comitiva em Rio Branco. Hoje, o exmo. dr. Manuel
Borba deverá ir, a cavalo, a Buíque, voltando à tarde para Rio Branco. Dai s.
exc. seguirá amanhã, em automóvel, para Triunfo, inaugurando a nova estrada. No
dia 2 de janeiro, o dr. Manuel Borba e aqueles que o acompanham deverão chegar
a esta capital.»
30-12-1916 - Diário de Pernambuco. goo.gl/HFxqW9 , 4ª col. « A excursão do
governador a Triunfo. Notas de um repórter. Dia 28 de dezembro. São 5 horas e
trinta minutos. O Recife desperta. Há na estação central algumas pessoas de
distinção. Chega num automóvel o dr. Manoel Borba, governador do Estado, em
companhia de amigos.
Um
trem prestes a partir. Mais cinco minutos. Abraços de despedida. A locomotiva
apita dando sinal de partida. Entra no carro o governador: imitam-no os
companheiros. O comboio larga e faz marcha de expresso.
Viagem
mais ou menos agradável, especialmente nas primeiras horas, antes do sol
aquecer. Houve ligeira chuva durante a noite. Pouco pó até Gravatá.
Dai
por diante, muito sol, muito calor e muita poeira.
Até
13 horas, pouco mais ou menos, o trem para por alguns minutos em Pesqueira.
Tinha demorado também n’algumas estações anteriores, enquanto a locomotiva se
supria de água.
Em
Pesqueira está um grupo de amigos do governo. Dão vivas à chegada do trem. Há
um lunch preparado para os
excursionistas. Sentam-se todos ao redor da pequena mesa. Inúmeras iguarias.
Ninguém passa das saborosas uvas Moscatel de produção do município. Deliciosas
e superiores às importadas do estrangeiro.
O
trem prossegue galgando serras. Plena vegetação sertaneja de ambos os lados do
leito da estrada. Aqui e ali, uma linha paralela de árvores frondosas, verdes,
em contraste com o resto dos campos, tristemente crestados. É o indício dalgum
riacho que se torna caudaloso no inverno mas no verão apresenta apenas alva
esteira de areia.
Pouco
antes de 15 horas o trem se aproxima de Rio Branco. Ouvem-se foguetes.
Há
sinais evidentes de alegria, nas ruas embandeiradas.
Os
excursionistas chegam enfim ao ponto terminal da estrada de ferro e hospedam-se
na residência do coronel Joaquim Rodrigues da Silva, abastado negociante.
O
comboio que os trouxe conduziu também três automóveis em que há de ser feita a
travessia para Triunfo. Parte da população se acotovela para ver de perto o
desconhecido meio de transporte.
Depois
de ligeiro descanso, procede-se a uma inspeção dos automóveis. O governador
aproveita o ensejo para visitar os trabalhos da nova estrada de rodagem que
ligará Rio Branco a Buíque, distante 28 quilômetros.
Os
autos percorrem a cidade em ligeiro passeio e penetram estrada nova, que o
governo federal mandou construir pelo engenheiro Lincoln de Almeida.
Há
15 quilômetros construídos, faltando ainda todas as obras de arte. Já foram
gastos nesse serviço 240 contos, inclusive o material para aquelas obras, que
já está adquirido.
O
que está feito é bom. O automóvel desliza sobre a estrada, como se o fizesse
num trecho asfaltado.
Nos
trabalhos da nova via de comunicação estão empregados cerca de cem homens,
dirigidos por três engenheiros, inclusive o chefe. A obra teve início a 24 de
maio do ano corrente e só em igual data do ano vindouro estará concluída e não
for suspenso o crédito distribuído.
Dizem
habitantes locais, em sua ironia, que o serviço estaria mais adiantado se não
fosse a grande quantidade de engenheiros!…
Ao
anoitecer, começou o tempo a fechar-se. Nuvens carregadas. Relâmpagos
constantes. Ribombar de trovões.
Uma
tempestade no sertão, recebida sempre com alvissaras, é coisa tenebrosa.
O
horizonte parece constantemente iluminado pelas faíscas elétricas que cruzam o
espaço e o estrondo pelo choque das nuvens dá ideia de forte bombardeio. Pouca
chuva, em grossas bateras.»
31-12-1916 - Diario de Pernambuco, goo.gl/GQZ5PC, 5ª col. «Excursão do governador a Triunfo. Telegrama do
nosso correspondentes especial: ˜Custodia, 30. - O governador do Estado e sua
comitiva aqui chagaram hoje ao meio dia, ficando assim inaugurados 120
quilômetros da estrada de rodagem Rio Branco-Triunfo.
Prosseguirão
hoje mesmo na viagem, devendo pernoitar em Flores.»
04-01-1917 – Diario de Pernambuco, goo.gl/FXxYg1 , 3ª col. «A Excursão do
governador a Triunfo. O regresso. As impressões de sua excia.
De
regresso de sua excursão a Triunfo, onde fora inaugurar a estrada carroçável
recentemente construída entre Rio Branco, ponto terminal da estrada central e
aquela importante cidade sertaneja, chegou ontem ao Recife o sr. dr. Manuel
Borba, governador do Estado, em companhia das pessoas que até ali o
acompanharam.
Daqui
haviam partido no dia 28, em trem especial até Rio Branco. No dia 29, conforme
noticiamos telegraficamente, s. exe. dirigiu-se a Buíque, tendo feito à cavalo
o trecho do percurso ainda não servido pela estrada federal em construção.
Acompanharam-no até ali e no regresso, que se fez no mesmo dia, 153
cavalheiros, proprietários e fazendeiros residentes naquela zona.
A
30 partiram de Rio Branco, em automóvel, s. exe. e a comitiva, pela nova
estrada, com estações em Custódia, a 82 quilômetros, a Flores, a 134
quilômetros. Ai pernoitaram. No dia imediato partiram para Triunfo, galgando a
serra da Baixa Verde, num percurso de 24 quilômetros.
S.
exe. recebido festivamente em toda a travessia, demorou-se dois dias em
Triunfo, onde a população lhe demonstrou o seu regozijo pela atenção dispensada
à zona sertaneja com o fato de sua presença ali. A coincidência da primeira
visita dum chefe de Estado, com os tradicionais festejos de Ano Bom, levaram a
lendária cidade sertaneja milhares de forasteiros de toda a
circunvizinhança.
Dali
o sr. governador do Estado transmitiu pelo telégrafo os seus votos de bons anos
aos auxiliares de seu governo e à imprensa pernambucana, bem como ao sr.
presidente da República e ministro de Estado. Esses despachos foram aqui
publicados no dia 1º.
No
dia 2 após a visita aos estabelecimentos públicos municipais e à escola
estadual, s. exe. e seus companheiros de excursão partiram de regresso,
chegando a Rio Branco, as 21 horas.
As
22 1/2 horas (10 1/2 da noite) partiu de Rio Branco o trem especial que aqui
chegou às 7 horas da manhã.
Na
estação central foi sua exe. cumprimentado, apesar da hora matinal, pelas
principais autoridades federais e estaduais, funcionários, comerciantes e
numerosas pessoas gradas de todas as classes.
Mais
tarde um dos nossos companheiros teve ensejo de ouvir do dr. Manoel Borba
algumas das suas impressões a respeito da excursão que acabara de realizar:
- A estrada que acabamos de inaugurar - disse s. exe. - representa um trabalho notável à vista dos limitados recursos com que foi realizada.
- Obra de iniciativa particular, devida antes de tudo, a tenacidade do coronel Siqueira Campos, atual prefeito de Triunfo, teve apenas o auxílio de 35 contos dos ministérios da viação e agricultura, cerca de 15 contos do comércio de Recife. O mais é devido ao coronel Siqueira Campos.
- As obras d’arte, na travessia dos rios e riachos, bem como alguns retoques e aperfeiçoamentos na construção, ficam a cargo do Estado.
- Que a estrada é francamente carroçável, prova-o a recente excursão, feita em automóveis desde Rio Branco até o interior da cidade de Triunfo. D’antes os almocreves viam-se obrigados, em certos pontos da travessia, a desatrelar os animais e transportar a carga aos ombros, volume por volume.
- Isso revela o valor do trabalho agora realizado.”
S.
exe. referiu em seguida a boa impressão que lhe causou a cidade de Triunfo e a
fertilidade dos terrenos em toda a circunvizinhança. Fez notar a distinção e
boa ordem ali reinantes, durante as festas de Ano Bom, sem que houvesse
notícia do mais leve distúrbio, apesar de enorme afluência de gente dos
arredores.
Citou
a propósito o que, no início do seu governo, lhe dissera um distinto cidadão
triunfense:
- “De v. exe, ordem e paz a Triunfo que ali terá a terra mais tranquila e próspera do Estado.”
E
no tocante à fertilidade do terreno, falou das diversas culturas da serra da
Baixa Verde; café, frutas, fumo, cereais etc, mencionando também a
subdivisão dos terrenos do município em pequenas propriedades, com grande
vantagem para a variedade e intensidade das pequenas lavouras.
Referiu-se
à instrução pública: “A instrução é deficiente. Visitei o edifício da escola
estadual e achei-o em más condições de asseio e conservação e sem mobiliário -
como o de Flores e a de Buíque. Mandei que o diretor das obras públicas
procedesse a um exame para orçar as despesas a fazer e vou providenciar sobre
os reparos necessários.”
S.
exe. teve em seguida palavras muito amáveis para hospitalidade de que lhe
proporcionaram os habitantes de Triunfo e demais lugares que visitou.
A
respeito de Flores:
Tive
também boa impressão da cidade. Vê-se que há um sopro de vida nova, depois de
algum tempo de decadência. Há novas edificações ao lado das velhas casas
construídas no tempo em que Flores era sede judiciária do alto sertão.
Estão
todos os habitantes muito satisfeitos com a nova estrada que muito vai
beneficiar. O que bem me impressionou ali foi a harmonia dos homens públicos.
Dir-se-ia que só existe um partido político. Quando se trata do município,
estão todos de acordo. Basta dizer que o presidente do conselho, por eleição
unanime, é o chefe oposicionista. Visitei a cadeia que é a maior e a melhor do
interior do Estado. É o lugar destinado ao cumprimento de penas de condenados
dos municípios circunvizinhos. Encontrei lá, agora 24 homens sadios. Penso
mandar aproveitar estes presos no serviço de conservação da estrada agora
inaugurada e na construção de uma outra que se projeta dali para Princesa,
distante 30 quilômetros. Para isso, o governo tomará as necessárias
providências.
Com
relação a Buíque:
Tive
igualmente boa impressão de Buíque. Agradou-me bastante ver reunidas as
crianças das escolas públicas, embora em época de férias. Nota-se que há um
certo cuidado na instrução. Os alunos de ambos os sexos estavam uniformizados,
cantaram o hino nacional e já estão ensaiando a educação física.
Não
encontrei nenhum preso na cadeia. Há meses não há distúrbios nem crimes, o que
denota a boa índole do povo.
- “Em Custódia não encontrei escola estadual. Vou providenciar quanto esta falta.
- Com a inauguração da nova estrada de rodagem, a cidade de Triunfo ficará há poucas horas do Recife: sete por estrada de ferro até Rio Branco e seis de automóvel em marcha regular de 25 quilômetros por hora.
Trata-se,
como vê, d’uma considerável vantagem conseguida com um pouco de esforço e boa
vontade.”
Concluindo,
disse s. exe.:
- Não poupar esforços, no sentido de facilitar, quanto possível, o desenvolvimento das estradas através do interior de nossa terra, e escolas que facilitem ao bom povo sertanejo o conforto material e espiritual de que tanto carece.
- “É este o meu dever.»
23-03-1917 – Jornal Pequeno, goo.gl/0JQf1M, 1ª col. «O governo federal fez entrega ao governo deste Estado de todo
o material destinado à construção de uma estrada de rodagem de Rio Branco a
Buíque. Os trabalhos dessa estrada, que foram começados pelo governo da União e
suspensos à falta de verba, vão agora ser concluídos pelo governo do Estado.»
08-07-1917
- A Noite (RJ), goo.gl/5lWXld , 6ª col.: «As estradas de rodagem de
Pernambuco. Alagoa de Baixo (Pernambuco), 8 (Serviço especial da A Noite) - A expensas da municipalidade
e com auxílio de alguns comerciantes e criadores deste município, começaram,
ontem, os trabalhos da estrada de rodagem desta cidade à povoação de Algodões a
encontrar também a estrada Rio Branco a
Triunfo. Reina por isso regozijo em toda a população deste município. A
estrada em construção será inaugurada pelo dr. Manoel Borba, governador do
Estado, que virá de Recife até aqui em automóvel.»
1917 - goo.gl/xmYn35,página 6 (=5/50): «Relatório
dos presidentes dos estados brasileiros. Estradas e caminhos carroçáveis. Também auxiliou o estado na
construção do caminho carroçável de Rio Branco a Flores e Triunfo, já mandando
para ali pessoal a fim de auxiliar os serviços, já se interessando perante o
governo da união para a concessão de um auxílio monetário. Este caminho que
ficou concluído em fins de dezembro último tem o desenvolvimento de 160
quilômetros. De Rio Branco a Custódia: 83 km [...]». Mais: goo.gl/zRwdXf
07-03-1918 – Diario de Pernambuco, goo.gl/bGE69z, 2ª col. «[...] Tendo o governo federal
interrompido a construção da estrada de rodagem entre Rio Branco e Buíque, foram por solicitação minha cedidos no Estado,
a título precário, todos os materiais e aparelhos existentes no local das
obras, assumindo o governo de Pernambuco o compromisso de levar a termo a
referida construção.»
01-04-1918 – Diario de Pernambuco, goo.gl/1l0ois, 5ª col. «[...] subvenção concedida pelo governo do Estado [...]
despesas com a estrada de rodagem de Rio
Branco a Buíque.»
12-07-1918 – Diário de Pernambuco, goo.gl/CtfRe9, 6ª col. «Ponte do Salobro e outras pequenas
obras d´arte na estrada de Rio Branco a
Buíque [...].»
18-09-1919
- A Provincia , goo.gl/hkXh24 ,7ª col.: «Os jornais dizem que se
inaugurou ontem mais uma estrada, a de Rio
Branco a Buíque, estrada para a qual concorreu muito o governo federal
[...].»
23-09-1919
– A Provincia, goo.gl/JaKG2D , 2ª col.: «Estrada para Buíque. “[...]
Porque efetivamente, construir 28 longos quilômetros de estrada de rodagem em
QUATRO anos já se chama trabalhar. Pois bem, depois de quatro anos de serviços
já se pode ir de automóvel a Buíque! Projetaram-se e levaram-se a efeito
grandes festas para o ato de inauguração. Na véspera foi um sábado, à noite eu
presenciei o começo dos festejos nesta pacata vila de Rio Branco, ex-Olho
d´Água dos Bredos [...]».
1919 - goo.gl/6zeKL2 , pág.16
(=15/98): “Relatório dos presidentes dos estados brasileiros. [...] 4º Centro -
Rio Branco. Foi nesse centro de estradas e caminhos carroçáveis onde mais
intensa se faz sentir a ação do governo no que concerne a essas vias de
comunicação, pois é nele que tem origem as estradas e caminhos de penetração na
zona sertaneja do estado [...] Estrada de Rio Branco a Buíque - Essa estrada
foi projetada e iniciada pelo governo
federal mas, tendo-se esgotado o crédito destinado à sua construção, foi esta
interrompida em começos de 1917 quando já se achavam prontos cerca de seis
quilômetros, faltando apenas as obras de arte [... ] Rio Branco a
Triunfo[...].”
07-10-1923 - A Provincia – 1ª col. goo.gl/g8Jt2r,
«[…] Por falar em
estradas de rodagem veio-nos à memória que o único município, talvez, de
Pernambuco que não tem estradas é o município de Pedra. E o município de Pedra
fica apenas a cerca de 20 quilômetros de Rio Branco, sem uma serra a cortar,
sem pedras e sem outros empecilhos além de meia dúzia de córregos sem importância.
Não vamos exigir que se construa uma estrada de rodagem de Rio Branco a Pedra
não, porém, exigir que se faça uma estrada carroçável que possa ser transitada
por automóveis e caminhões com pequenos bueiros nos córregos, mesmo sem grandes
serviços porque esses são desnecessários - umas pontinhas de madeira sobre
bases de madeira mesmo ou tijolo - eis tudo. Com quinze a vinte contos se teria
de Rio Branco a Pedra uma estrada invejável, dependendo apenas de pessoas
competentes, (particulares, porque as do governo não gostam de trabalhar) e
Pedra progrediria fatalmente. [,,,].»
20-12-1924 - Diario de Pernambuco, goo.gl/V3Rncr , 5ª col. «Obteve parecer favorável do
Departamento de viação o pedido de um auxílio de 10 contos para as obras da
estrada de Rio Branco a Pedra.»
01-01-1925 – Jornal do Recife, goo.gl/VHvDiJ,
4ª col. «Estradas sem
roteiro. [...] E quem quer que se aventure, por necessidade ou desafio,
pervagar os sertões, em Pernambuco, a partir dos limites onde termina a estrada
de ferro, para logo uma angústia mortal o assedia, ao defrontar o maltrato dos
caminhos, ressentindo-se de indicações das rotas, quer vicinais quer
longitudinais, censura a que não escapa a má orientação administrativa em
demandar melhoramentos de efeitos aleatórios que por natureza exigem provas de
acuidade menos deplorável. Onde se viu construir 36 quilômetros de estradas de
rodagem com um orçamento, a título de verba suficiente, de quinze contos de
réis? A estrada Rio Branco a Pedra de Buíque vai apenas custar 15 contos!»
1927 - Almanak Adm., Merc. e
Ind. RJ, goo.gl/wq8e80, pág. 1012, vol.III. 3ª col. «Estado de Pernambuco -
municípios Barão do Rio Branco. Vila e sede do 7º distrito do município de
Pesqueira, ponto final da estrada de ferro da Great Western of Brazil Railway
Co. da linha partindo do Recife da estação de Cinco Pontas. Tem 3 estradas de rodagem, sendo para
Buíque, Triunfo e Pedra. Possui 900 casas e tem 4.500 habitantes. »
20-06-1931 - Diario de Pernambuco, goo.gl/C4HPD1
3a col. «Problemas sertanejos. Mário Melo
[...] as estradas do Rio Branco são regulares. Mas o percurso pelo território
da Alagoa de Baixo é horrível. Faz quinze anos acompanhei o governador Manoel
Borba na inauguração da rodovia Rio Branco-Triunfo. Tem-se a impressão - e
creio que é mais do que impressão porque a própria verdade - de que nunca mais
houvera uma enxada a beneficiar aquilo. Horrível, no território da Alagoa de
Baixo. Subitamente a estrada melhora. É o início do território de Custódia. O
prefeito de Custódia, como o do Rio Branco, teve a boa orientação de melhorar a
sua estrada, de um extremo ao outro do município. [...].»
29-01-1946 – Diário Oficial – bit.ly/1OWVN8t 2ª col.:
«Relatório N. 3 – Estrada Arcoverde-Pedra - Encontramos na cidade de Arcoverde
o condutor técnico Manoel Bolitreau, encarregado dos serviços de engenharia da
5ª Residência, com o qual íamos percorrer as obras em andamento, de uma estrada
que se destina a estabelecer a ligação de Arcoverde-Pedra e daí a Garanhuns com
passagem pela vila de Venturosa (antiga Boa Sorte). Encontra-se em construção o
primeiro trecho até a Pedra. A obra vem sendo por demais demorada e resta muito
ainda a realizar em movimento de terra, acabamento e muitas obras d´arte. O
maior defeito que encontrei porém, é a falta da mais elementar noção de ética
profissional do empreiteiro José Vitor dos Santos. Entre outras faltas fez ele
a tentativa de burlar a medição de obras, incluindo no cálculo, grande parte já
medida anteriormente e paga. Descoberta a tentativa de dolo, teve a ousadia de
escrever ao chefe da residência oferecendo compensação para que o mesmo
acobertasse a bandalheira. O funcionário lealmente prestou informações por
escrito em processo que foi encaminhado à Secretaria de Viação. Vou despachar
mandando cancelar a "ordem de serviço" do empreiteiro improbo. Além
desse detalhe grave, o seu trabalho é mal conduzido. Trata-se do mesmo
indivíduo que havendo recebido a soma de 10 mil cruzeiros para a limpeza de um
pequeno açude da cidade de Pedra, não apresenta serviços que justifiquem o dispêndio
daquela soma. Deixou de realizar a parte principal que seria uma elevação do
sangradouro, sob o fundamento de já ter haver dispendido a importância
recebida. Trata-se de serviço que escapava a qualquer fiscalização, e agora
tudo que resta é uma prestação de contas sem valor, partindo de gente sem a
necessária responsabilidade.»
21-06-1947 – Diário Oficial, bit.ly/1Idr6HC, 2ªcol.:
«Requerimento N. 184 - Requeremos, por intermédio da Mesa, ouvida esta Assembleia,
seja encaminhada ao Governo do Estado a sugestão que ora formulamos, no sentido
de que o competente órgão administrativo atenda à conveniência da alteração do
traçado constante do projeto de construção da rodovia Arcoverde-Garanhuns de
modo a serem no mesmo contempladas as vilas de Salobro e Capoeiras,
respectivamente dos municípios de Pesqueira e São Bento do Una. Justificação: O
Governo do Estado está levando a efeito a construção de uma rodovia destinada a
ligar o município de Arcoverde ao de Garanhuns. O traçado constante do projeto
da mencionada estrada é o seguinte: Arcoverde, Pedra, Venturosa, Caetés e
Garanhuns. Ocioso torna-se salientar a importância sob os aspectos econômico e
comercial, de que se reveste a execução da referida obra para uma vasta,
populosa e produtiva zona do nosso território. Com ela se terá facilitado um
intenso e avultado intercâmbio dos mais variados produtos[...].»
1961 - O Município de Arcoverde,
Teófanes Chaves Ribeiro, Arcoverde, https://bit.ly/2BqO6vy pág.14: «Departamento das Secas - O
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, 3º Distrito, sediado nesta
cidade, muito tem contribuído para o progresso do município. Foi, em junho do
ano de 1932, no rigor da seca que assolava o Nordeste, que o governo tomou a
seu cargo amparar a região pernambucana atingida por esta situação climatérica,
criando em Arcoverde, então Rio Branco, um serviço subordinado à Inspetoria
Federal de Obras Contra as Secas. Inicialmente os trabalhos foram dirigidos
pelo engenheiro Francisco de Paula Pereira de Miranda. Em seguida, isto é, em
julho daquele mesmo ano foi transmitido o cargo ao engenheiro Francisco
Saboia de Albuquerque. Posteriormente, a sede desses serviços passou a
denominar-se Comissão de Estudos e Obras nos Estados de Pernambuco e Alagoas, e
foi fixada em Arcoverde graças ao empenho do governo revolucionário do
município, junto ao então ministro José Américo de Almeida.
Foram
grandes as perspectivas abertas com este acontecimento aos destinos de
Arcoverde.
Os
trabalhos desenvolvidos pela Inspetoria, que em construção de estradas de
rodagem, que em perfuração e instalação de açudes públicos e particulares, têm
constituído uma fonte de realizações de inestimável valor para o município, bem
como para outras zonas castigadas pelo rigor das longas estiagens.
Os
seus primeiros anos foram marcados por trabalhos intensos, muitos dos quais
tiveram como estaca inicial Arcoverde; pois daqui partiram as construções das
estradas de rodagem: Arcoverde-Mimoso-Caruaru, Arcoverde-Pedra,
Arcoverde-Algodões-Custódia-Serra Talhada-Salgueiro-Parnamirim. E assim esses
trabalhos iam-se distanciando em procura das metas a serem atingidas,
previamente estabelecidas no plano rodoviário, na zona delimitada pelo polígono
das secas.
Após
17 anos de constantes realizações, essa repartição conseguiu levar as cidades
mais longínquas do interior do Estado de Pernambuco a sua linha tronco,
contribuindo para aumentar consideravelmente o intercâmbio comercial entre o
Sertão e a Capital, sendo Arcoverde o ponto de comunicação por excelência entre
as duas zonas.»
Coronel
Siqueira Campos, em foto do Jornal do
Recife, de 11-11-1915. goo.gl/GWnDhk. O coronel Manuel Siqueira Campos é
entrevistado pelo Jornal de Recife. Ele
faleceu em 30-07-1928, Jornal Pequeno.
4ª col. goo.gl/UvIrIk
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