Pedra - Ícone magnífico. O fundador Manoel Leite da Silva
JORNAL DE ARCOVERDE n.310 – Julho/Agosto de 2019
Pedra – Ícone magnífico. O fundador Manoel Leite da Silva
Pedro Salviano Filho
“Dos
interstícios de tal montanha rochosa mina uma água puríssima. Em baixo, em um
tanque de cimento feito às custas de esmola que, numa época de calamidade
mandou àquela gente, a senhora Venceslau Braz, o líquido precioso é recolhido”.
Hoje o tanque está desativado. Foto de José Geraldo Campelo Brito.
Conceição da Pedra. Um retrato em
preto e branco da aristocracia rural do Sertão pernambucano. Recife, 2005.
Ricardo Japiassu Simões.Pág. 12
“Esse
requinte da natureza, tornar-se-á um baluarte para os vaqueiros que, iniciando
o Ciclo do Couro, começaram a trazer boiadas e couro dos curtumes e dos currais
do Sertão do São Francisco para o Recife. Com boa e cristalina água perene,
pastagens abundantes firma-se como excelente entreposto para o repouso tanto
dos animais quanto dos tangerinos.” Mais: goo.gl/Mhx1BP.
Aspectos
do símbolo maior do município da Pedra, em fotos do Jornal de Arcoverde, julho
de 2019
Em
maio deste ano de 2019 foi escolhido o Brasão da Pedra (autor Geovane de Assis
Galindo Neto), contemplando a capelinha branca e o cruzeiro no alto do lajedo,
também pontos turísticos.
Esta
coluna já acrescentou várias informações sobre Pedra: https://bit.ly/2TfaJcv , https://bit.ly/2TwVUSP .
Retomamos
agora o assunto para apreciar o inconfundível ícone que tanto encanta aos que
apreciam a colossal pedra. Destacada pelos historiadores, pois, além da sua
beleza, foi refrigério para vaqueiros e suas boiadas nos históricos caminhos e,
já de há muito, encanto para turistas que têm ali grande potencial de desenvolvimento.
Além das atividades de observação e fotografias, seu apreciado pôr do sol tem
cativado seu crescente público (ver também matéria anterior: Catimbau – Buíque,
em https://bit.ly/2X6fNRw ).
Quem
mandou construir o centenário tanque de cimento do lajedo?
Numa
excursão realizada no final do ano 1929, relatada e registrada pelo Sr. Joaquim
Macedo, de Recife, no Jornal Pequeno
naquela época, há interessantes comentários sobre a aventura.
No
relato do Sr. Joaquim, há uma revelação pouco conhecida pelos historiadores: o
tanque de cimento que armazena a água puríssima que “mina dos interstícios de
tal montanha rochosa”, foi uma doação, numa época de calamidade, feita por d.
Maria Carneiro Pereira Gomes, esposa do Presidente da República, Venceslau Brás
(1914-1918).
«Um circuito do Sertão - XXV
O
nosso circuito estava fechado. Nós vencêramos alguns milhares de quilômetros,
viajando uma das regiões mais interessantes de Pernambuco.
Ao
nosso orgulho de brasileiros compensara-se o esforço da jornada. Nós víramos
uma terra generosa. Nós andáramos em contato com uma gente digna.
Se
o sertão ainda tem pouco, já teve muito menos. Tudo indica que muito em breve
terá o bastante. Tempo há de vir em que terá com sobra e vantagem. Então,
aquela zona que ainda não se abastece por si, produzirá para a fortuna e para a
economia geral do Brasil.
Todos
os companheiros recolheram do passeio delicioso a controladora impressão que ao
mais ou menos ai se registra.
Por
ai mesmo, a viagem significara uma agradabilíssima excursão. Nenhum acidente.
Nenhum aborrecimento só. Se amigos partimos voltamos ainda íntimos. Todos nós
só registramos um sentimento, a dispersar a caravana: a tristeza de que a sua
existência não fosse mais longa.
Foi,
por isso, como um número extraprograma a ida, ainda em forma, até o município
da Pedra, partindo de Rio Branco.
Pedra,
em direção a Buíque, com uma estrada bem sofrível onde andou a trabalhar a
Comissão contra as Secas, é uma cidade e um município como tantos outros.
Cidade
pobre, município modestíssimo.
O
que, em verdade singulariza a cidade, é a pedra mesmo.
Vasto
colosso pétreo, mó formidável de granito, domina, como uma imensa lava
vulcânica que se congelasse há séculos passados, o humilde casario da
cidadezinha.
Terá
de 150 a 200 metros de altura, essa pedra.
Dos
interstícios de tal montanha rochosa mina uma água puríssima. Em baixo, em um
tanque de cimento feito às custas de esmola que, numa época de calamidade
mandou àquela gente, a senhora Venceslau Braz, o líquido precioso é recolhido.
A
nossa excursão, nesse dia, fora aumentada com a presença de várias senhoras.
Algumas
destas, com seus sapatos de salto alto, muito impróprios para tal alpinismo,
subiram com dificuldade até o cimo da serra maciça.
Em
cima o panorama era surpreendente.
Descortinamos,
em raio longo, os arredores desse trecho interessante. E dai andamos a
identificar o sítio onde nascera o Cardeal Arcoverde, sítio que nós
atravessamos, na ida, de automóvel, com ligeira demora na própria casa onde Sua
Eminência vira a luz.
A
pedra é uma base solene. Modesta igrejinha assinala o seu topo.
E
nas paredes dessa capela, humilde demais para a majestade do cenário, costumam
escrever os visitantes as suas impressões do momento.
Os
muros estavam, de fato, salpicados de uma vasta e impressionante literatura,
escrita a lápis.
Também
lá registramos os nossos “pensamentos”… em prosa e verso. Como um fim de
crônica fique, pois, aqui, o seguinte, que lá se deixou, ainda por certo sob a
viva impressão da viagem:
“Nesta
pedra requeimada
Onde
nem cardo medra,
Vê-se
um símbolo, mais nada,
Do
sertão, de alma rasgada,
Resistente
como a pedra…”
Recife,
dezembro de 1929
Joaquim
Macedo.»
Sobre
sua esposa Maria Carneiro Pereira Gomes https://bit.ly/2X5N1R4.
Velhos e Grandes Sertanejos. Luiz Wilson. III
Volume - 1978 - Pág. 1059
«Manoel
Leite da Silva (Capitão-Mor e Regente de Ararobá)
Foi
o fundador da cidadezinha da Pedra (velho sítio pertencente, a princípio, à
Fazenda Puxinanã, ou Pedra de Puxinanã, mais tarde “Conceição da Pedra”, “Pedra
de Buíque” e hoje Pedra) e, era Capitão-de-Cavalos e Comandante da Freguesia de
Ararobá, tendo sido por ocasião da elevação de Cimbres à categoria de Vila, em
1762, um de seus primeiros vereadores, assumindo depois a presidência do Senado
e da Câmara daquela localidade e, consequentemente o cargo de seu Juiz
Ordinário (1770), sendo nomeado ainda depois Capitão-Mor e Regente de
"Ararobá”, tendo origem esta designação no nome da tribo que viveu, de
início, na Serra lendária.
Teria
ido para o Sertão a fim de escapar às perseguições movidas pelo governo contra
os revolucionários de 1710 (Guerra dos Mascates) e Cimbres, antes de ser a sede
daquela “Capitania” era a aldeia ou missão de Ararobá (fundada em 1669), para
onde foi, auxiliado pelo Capitão General, Governador Francisco de Brito Freire,
o padre secular, “oratoriano" (missionário apostólico, dependente do Papa
e não do Rei), João Duarte do Sacramento (que antes estivera no São Francisco
com o seu companheiro João Rodrigues Vitória, voltando por motivo de doença).
“Assumiu”,
então, além da Aldeia ou Missão de Arorobá (a que já fizemos referência e onde
se diz que teriam estado antes do Brasil Holandês, jesuítas ou franciscanos), a
Aldeia ou Missão da Mãe de Deus, ou de Tapessurama, no Ceará (fundada em 1679),
a de Nossa Senhora da Apresentação de Ipojuca (fundada em 1670), e as de
Ararota e Limoeiro (na freguesia de São Lourenço da Mata), as duas reduzidas a
uma só em 1684, tendo sido os anos de 1669 a 1685, os de maior atividade
missionária dos oratorianos em Pernambuco.
Grandes
missionários também entre nós, de modo particular no São Francisco ou no Grande
Rio, entrando muitas vezes em choque com sua ação cristã de fraternidade,
contra a implantação de nossa estrutura agrária, “baseada em termos de
escravidão”, foram, entre capuchinhos, franciscanos e jesuítas, os Padres Yves
d’Evreux e o famoso Claude d’Abeville (estes, aliás, atuando no Maranhão, de
onde foram postos para fora com a expulsão dos franceses daquela Capitania),
João de Barros (1639-1691), José Coelho (1652-1729), Antônio de Oliveira
(1652-1729), Luis Viancio Mamianni (1652-1722), Jacob Roland (1638-1668) e, o
mais célebre, talvez de todos, Frei Martinho de Nantes que, em favor dos
“Rodelas" enfrentou o Cel. Francisco Dias d’Ávila, da Casa da Torre, na
Bahia (“homem pequenino de alma e de corpo”, no dizer do próprio sacerdote), e
o seu “exército" de novecentos homens de Regimento, duzentos índios
mansos, cem mamelucos, cento e cinquenta escravos, alguns missionários e câmbio
de munição de boca e de guerra, que invadiram depois os Sertões da Paraíba, Rio
Grande do Norte, Ceará e Maranhão.
Na
insurreição dos indígenas de todo o Vale do São Francisco, em 1680, diante da
violência da Casa da Torre, os que não foram expulsos de suas regiões ou
morreram resistindo com extraordinários guerreiros, foram escravizados ou se
tornaram vaqueiros, boiadeiros, “caboclos do sertão” e sertanejos.
Em
1700, com o início do ciclo do gado, “os próprios religiosos começaram a se
conformar com a situação, também criando gado e consequentemente possuindo
escravos” (v. Eduardo Hoornaetr, “História Geral da Igreja na América Latina”,
II volume (História da Igreja no Brasil, A.F. Pereira da Costa, “Anais”, Mário
Nunes Batista, “Governadores de Pernambuco”(in Diario de Pernambuco) e Nelson
Barbalho, “Agreste Pernambucano" (Cronologia, II vol.).
Manoel Leite da Silva, tronco, no entanto, da
Família Cavalcanti de Albuquerque no Sertão do Estado e a maior figura, talvez,
da “Capitania de Ararobá”, em sua época, nasceu na Ilha do Ferro, no São
Francisco, subordinada a jurisdição de Penedo (Alagoas), sendo filho do
português Bento Leite de Oliveira (fidalgo radicado, a princípio, em Sergipe,
vergôntea dos antigos Leites de Guimarães) e de sua esposa D. Ascência (ou
Inocência) da Silva Cavalcanti, filha do lusitano Manuel da Silva, chamado
“carapuça de Onça” [ bit.ly/2Ypl9dn ] (Orlando
Cavalcanti, “Genealogia e História”, Diario de Pernambuco Recife).
A
outrora Conceição da Pedra, como Buique e toda aquela região, até Garanhuns,
faziam parte de uma sesmaria de 20 e depois de 30 léguas de terras, doadas em
1658 ao Mestre de Campo Nicoláu Aranha Pacheco (natural de Olinda e um dos
heróis de nossa Guerra Contra os Holandeses), a seu filho Antônio Fernandes
Aranha, ao seu genro Cosme de Brito Cação e ao seu parente Ambrósio Aranha de
Farias. Mais tarde (1702), parte daquelas terras da Ribeira do Ipanema foi
vendida por D. Clara Aranha Pacheco ao português Bento Leite de Oliveira, pai
do Capitão Manuel Leite da Silva, do Sargento-Mor João Leite de Oliveira e de
Francisco Leite de Oliveira. O Sítio Mororó, compro-o em 1748 João Leite de
Oliveira e o da Pedra (fundado em terras da Fazenda Puxinanã), foi adquirido
pelo Capitão Manuel Leite ao Sargento-Mor João Cavalcanti, fazendo depois o
Capitão (já viúvo), a 22 de julho de 1760 doação do mesmo para patrimônio da
Capelinha que ali mandara construir sob o orago de NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO.
Casou
Manuel Leite no fim do primeiro quartel do século XVIII com sua parente D.
Maria de Araújo Cavalcanti de Albuquerque, falecida em 1758 e filha do Capitão
Manuel Araújo Cavalcanti e de sua mulher Brásia Cavalcanti de Albuquerque.
Ele
(Manuel Araújo Cavalcanti), filho do fidalgo da Casa Real Bernardino de Araújo
Pereira, e de Úrsula Cavalcanti de Albuquerque, que era filha do Capitão Pedro
Cavalcanti de Albuquerque, irmão de Antônio Cavalcanti de Albuquerque, ambos
heróis de nossa Guerra da Restauração, sendo netos de Antônio Cavalcanti de
Albuquerque, filho do fidalgo florentino Filipe Cavalcanti e de sua esposa
Catarina de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque (cunhado de Duarte
Coelho, 1o. donatário da Capitania Hereditária de Pernambuco) e da Princesinha
ameríndia ARCOVERDE (MUIRÁ UBI).
Com
inventário e testamento no Segundo Cartório de Garanhuns, o Capitão Manuel
Leite morreu em 1791, como Capitão-Mor de Ararobá, substituindo naquele posto
Francisco Alves de Mendonça e sendo substituído no mesmo por
Antônio
dos Santos Coelho da Silva (português do Porto, 1761-1821), senhor da Fazenda
Genipapo em Sanharó e, naquele tempo, diz-se que dono da maior fortuna do
interior de Pernambuco.
Uma
das filhas desse rico senhor, que ocupava em 1797 a presidência do Senado da
Câmara de Cimbres, trabalhando em suas fazendas mais de 500 escravos, casou com
o Sargento-Mor Manuel José de Siqueira (1742-1831) , filho do Mestre-de-Campo
da Ribeira do Moxotó Pantaleão de Siqueira Barbosa, proprietário da Fazenda Poço
da Pesqueira, diz-se que instalada em 1880.
Outra
filha de Santos Coelho e de sua esposa D. Teresa de Jesus Leite (filha do
Capitão Antônio Alves Passos e de Inácia Maria Leite, proprietários de uma
fazenda de gado em Água Fria, hoje distrito de Belo Jardim) , casou com o
Capitão José Claudino Leite, indo residir na Fazenda Manissoba, no atual
município de Sanharó.
Outra
filha do casal, de nome Teresa de Jesus, casou mais ou menos em 1814 com
Domingos de Sousa Leão (1789-1848) , pais do Barão de Vila Bela (de nome também
Domingos de Sousa Leão) , e do Barão de Cairá (Augusto de Sousa Leão) e do
Barão de Sousa Leão (Inácio Joaquim de Sousa Leão) , ficando o casal residindo
na Fazenda Genipapo.
Outra
ainda, Ana Vitória, casou com Francisco Xavier Paes de Melo Barreto
(1788-1830), também de alta linhagem e natural da Freguesia da Luz, indo
residir a 8 quilômetros da Fazenda Poço da Pesqueira, na propriedade por eles
fundada - Poço dos Patos, ''onde mandaram levantar a maior casa residencial da
Região, em estilo colonial português’'.
Sobre
a questão que mais tarde teria lugar entre Manuel de Siqueira e Francisco
Xavier, quando Antônio dos Santos Coelho morreu e pleitearam estes seus dois
genros o lugar de Capitão-Mor de Ararobá, v. em outro local o capítulo PANTALEÃO
DE SIQUEIRA BARBOSA.
Viveu
Ararobá, sob a regência de Manuel Leite da Silva, uma de suas f ases de maior
esplendor, com a criação e instalação do seu Senado da Câmara, ''em cujo Paço
Municipal se reuniam os senhores senadores titulares em f unção administrativa,
com sessões as quais compareciam o juiz ordinário, o procurador do Conselho
Deliberativo e, quando em corregedoria, um Ouvidor, constituindo vereação,
judicantes e auxiliares, o organismo governativo local, em ação conjunta nos
trabalhos camarários. As deliberações, nomeações, arrematação de impostos,
atas das sessões, correspondência, etc. eram referendadas pelo juiz, ou
juízes, e seguidamente pelos vereadores e procuradores’'.
A
instalação do Senado da Câmara foi publicada em edital apenso a um mastro
erguido no centro da praça principal da localidade, enquanto não se fazia o
pelourinho, terminando as solenidades de praxe, em cerimônia presidida pelo Dr.
Manuel Gouveia Álvares (Ouvidor Geral da Comarca de Alagoas, designado para
dar cumprimento a resolução do Conselho Governamental da Capitania), constituindo
a primeira vereação Cimbres um juiz ordinário (Francisco Álvares de Mendonça) e
três vereadores: Capitão Manuel Leite Ferreira, Gregório Barbosa e Capitão
Manuel Leite da Silva.
Ali,
no antigo Senado da Câmara de Cimbres, o Tenente Matias Soares de Almeida
(1793-1891), natural de Cabedelo, na Paraíba, exercia as funções de escrivão,
para o que tinha de viajar várias vezes no ano, a cavalo, vindo do Brejo da
Madre de Deus, cidadezinha da qual era escrivão e tabelião público desde o
tempo de rapaz.
Deixara,
ao morrer, entre outros filhos (de dois matrimônios), e inclusive enteados, o
Cel. Antônio Alves Campos, Diocleciano Alves de Almeida, Deodato Alves Campos e
Tomaz de Aquino de Almeida Maciel, que foi para Pesqueira em 1883, onde se
instalou com uma grande loja de tecidos, sendo, no entanto, escritor de rara
sensibilidade, teatrólogo, compositor musical, exímio violinista, maestro e
fundador da Banda de Música da então “Antenas do Sertão”, a qual chamavam
“CRIANCINHA”, integrada, entre outros, por ele (seu maestro), Frederico Alves
do Rego Maciel (clarinetista), Antônio Maciel (bombardino), José Afonso de
Oliveira Melo, Fortunato Maciel, Antônio Toré e Odilon de Melo Falcão, pai de
D. Guiomar Novais, Stela (que casou com Eufrásio Bezerra Cavalcanti) e, entre
outros, do Dr. Alberto de Lima Falcão.
Casado
com D. Francisca Carolina (D. Nazinha), o Maestro Thomaz de Aquino deixou 9
filhos: Glicério, Elpídio, Dagmar (há muitos anos no Rio), Adelmo, Silvia,
Georgina, Edith (mãe de Eugênio e Wilson Chacon), Orestes (comerciante,
jornalista e pai do Padre Frederico Maciel, Austro e Orestinho), e o Tenente e
depois Major da Guarda Nacional José de Almeida Maciel (o boníssimo “seu” Cazuzinha,
nascido a 24-07-1884 e falecido a 07-05-1957), estabelecido em Pesqueira com
uma casa de tecidos, chapéus, miudezas e perfumes, a LOJA SANT’ÁGUEDA,
professor municipal e o grande Historiador de sua Região em notas que escreveu
durante toda a sua vida para A Voz de Pesqueira (dos irmãos Eugênio e Wilson
Maciel Chacon) e pai de Luis, Everardo (falecido na adolescência), Romilda
(hoje viúva de José Schettini), Jandira (esposa de Eugênio Chacon), Florina,
José, Gilvan, Ivanilse, Plínio e do Dr. Flamínio de Almeida Maciel, médico no
Sul do País, com exceção de Everardo, tenho a impressão que todos casados, com
sucessão.
Luís
Cavalcanti de Albuquerque, filho, no entanto, do Capitão Manuel Leite da Silva
e de sua esposa Maria de Araújo Cavalcanti de Albuquerque (nascido mais ou
menos em 1728), foi também Capitão Comandante de Ararobá, tendo casado com D.
Maria Teresa da Soledade (irmã do então cura de Ararobá, o Padre Francisco
Ferreira da Silva), indo residir na Fazenda Campo Limpo (próximo a Puxinanã) e
deixando no informe de Orlando Cavalcanti, os seguintes filhos legítimos:
Ponciano de Araújo Cavalcanti Albuquerque, Filipe Cavalcanti Bezerra, Manuel
Bezerra Cavalcanti, José Cavalcanti de Albuquerque, Francisco Bezerra
Cavalcanti, Luzia Bezerra Cavalcanti e Úrsula Jerônima.
Esta,
casou em 1777 com o Capitão André Cavalcanti de Albuquerque, de Igaraçu, filho
do Tenente-Coronel Semeão Correia de Lima (sergipano) e de sua esposa D.
Vitória de Moura Cavalcanti, filha de Salvador Coelho de Drumond e de D.
Leonarda Bezerra Cavalcanti de Albuquerque.
André
(que se assinou durante muito tempo - ANDRÉ ARCOVERDE e foi o primeiro da
família, no século passado, a adotar este nome), adquiriu por compra a José
Vieira Lemos o SÍTIO BARRA, atual povoação de Pesqueira, com uma estaçãozinha
da antiga “Great Western”, inaugurada em 1909 com o nome de IPANEMA, sua mesma
designação até hoje, o qual media duas léguas de terras em quadrado, passando a
residir ali com sua família e tornando-se de logo um dos homens mais
importantes da Vila de Cimbres, de cujo Senado foi Senador e seu presidente,
além de ter assumido o posto de Capitão-Comandante de Ararobá, do qual os
inimigos procuraram derrubá-lo várias vezes.
Depois
de 32 anos de casado, sua mulher Úrsula Jerônima faleceu na Fazenda Barra
(Ipanema), deixando 13 filhos e inventário, no qual aquela velha propriedade
foi avaliada em 700$000 (setecentos mil réis).
O
Capitão André falecia 20 anos mais tarde, aos 76 anos de idade, sendo o tronco
de numerosas famílias no antigo Município de Cimbres e depois de Pesqueira (do
qual faz parte Arcoverde até 1928), entre as quais, Cavalcanti Carvalho,
Arcoverde, Brito Cavalcanti, Albuquerque Cavalcanti, Drumond, Oliveira, Melo,
Bezerra, Bezerra Cavalcanti e outras.
São
filhos, entre outros, do Capitão André Cavalcanti de Albuquerque (André
Arcoverde, 1753-1829) e de sua esposa Úrsula Jerônima:
1º
- Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque
Arcoverde (que também se assinava “Camarão”) e que casou com uma filha do
Capitão Joaquim Inácio de Siqueira (ou de Siqueira Barbosa), de nome Teresa de
Siqueira Cavalcanti, filha de D. Maria de Jesus Cavalcanti, que era filha do
Capitão Comandante Leonardo Bezerra Cavalcanti e neta perolado materno do
Capitão-Mor e Regente de Ararobá, Manuel Leite da Silva e pelo lado paterno do
Mestre-de-Campo Pantaleão de Siqueira Barbosa, Jerônimo Arcoverde e sua esposa
Teresa de Siqueira Cavalcanti foram os pais do Capitão Antônio Francisco de
Albuquerque Cavalcanti (o Capitão Budá), pai de D. Joaquim Arcoverde (v. os
capítulos destes nomes).
2º
- Francisco de Brito Cavalcanti de Albuquerque, falecido em 1867 e que, foi
também presidente do Senado da Câmara de Cimbres, deixando numerosa
descendência que assinava e assina ainda hoje - Tenório Cavalcanti e Vaz
Cavalcanti.
3º
- Ana Cavalcanti de Albuquerque, que casou com o alferes João Cavalcanti de
Albuquerque, que casou com o alferes João Cavalcanti, falecido em 1838 e que
foi também presidente do Senado da Câmara de Cimbres e exerceu interinamente o
cargo de Ouvidor da célebre Comarca do Sertão.
4º
- Maria de Paula Cavalcanti de Albuquerque, esposa do Cel. José Camelo Pessoa
de Siqueira Cavalcanti (um dos 20 filhos do Capitão Joaquim Inácio de Siqueira
Barbosa), pais do Ministro do Supremo Tribunal, André Cavalcanti de Albuquerque
(André Cavalcanti), pai do Cel. Augusto Cavalcanti (Cel. Augusto Mouco), que
construiu em Rio Branco, em 1917 [1919], o seu velho Cine Rio Branco”.
5º
- Leonarda Bezerra Cavalcanti de Albuquerque, que casou com alferes Francisco
Alves da Silva e foram os pais deu Cel. Francisco Alves Cavalcanti Camboim
(1812-1896), Senhor da Fazenda Poço no Brejo da Madre Deus. Oficial da Ordem da
Rosa, deputado a 1ª Assembleia Provincial em 1853, diretor dos índios da
Província e durante muitos anos, chefe político dos mais prestigiados em todo o
interior de Pernambuco, conta-se que, quando o Imperador D. Pedro II esteve
entre nós (1859), Camboim conversou com o mesmo em francês, tão fluentemente
(sem nunca ter saído do Brejo da Madre de Deus), que o Imperador impressionado
com o fato, de volta à Corte, agraciou com o título de Barão de Buíque (Barão
do Poço). Com o advento da República, Camboim foi ainda o primeiro prefeito do
Brejo da Madre de Deus, onde chefiou o Partido Conservador durante mais de meio
século.
Eram
filhos ainda, no entanto, do Capitão-Mor e Regente de Ararobá Manuel Leite da
Silva e de sua esposa Maria de Araújo Cavalcanti de Albuquerque, entre outros
(ao todo foram 11), e além do Capitão Luís Cavalcanti de Albuquerque: Capitão
Manuel Leite da Silva Cavalcanti (que casou com Maria Filipa Cavalcanti de
Albuquerque), o Capitão Leonardo Bezerra Cavalcanti, Capitão Lourenço Bezerra
Cavalcanti, Capitão Sebastião Bezerra Cavalcanti de Albuquerque e Bento Leite
Cavalcanti, todos estes também casados, com sucessão.»
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