Praça da Bandeira

JORNAL DE ARCOVERDE N. 315 – JUN.2020

 

Praça da Bandeira

 

Pedro Salviano Filho

 

Os pontos que se sobressaem numa povoação, como igrejas, campos de esportes, praças, cinemas, teatro etc. geralmente causam destaque e afeição nos seus habitantes.

A primeira praça de Arcoverde foi a do Barão do Rio Branco, inaugurada em junho de 1944.

A segunda praça começou a ser construída após a inauguração do Cinema Bandeirante, em 1947. Este sobreviveu durante 35 anos.

Como eu já citei na primeira matéria desta coluna (em 2009) https://bit.ly/2NbOsZn  , eu nasci na praça da Bandeira e minhas mais antigas memórias são cenas relampejadas, de trabalhadores assentando paralelepípedos da praça. Minha casa ficava à direita de quem olha de frente o antigo cinema, e hoje está transformada. Do cinema as lembranças vagas de tentar descobrir para onde iam tantos cavalos e índios que apareciam na telona… cabecinha de criança.

Hoje a praça passa por reformas e o “Gigante da Bandeirante” deixou de existir como cinema deste 1982.

Várias vezes esta coluna abordou o tema CINEMA (entre elas, https://bit.ly/2UUPRb4 ; https://bit.ly/30PZuvF ). E o Cinema Bandeirante ganhou duas interessantes homenagens em publicações nos últimos anos: “História do Cinema Bandeirante”, José Leite Duarte (Rocky Lane), Arcoverde, 2011, e “Cine Bandeirante. Histórias que o vento não levou”. Fernando Figueiredo, Brasília-DF, 2012 (180 páginas).

Neste artigo são mostradas imagens colorizadas, de épocas diferentes.

 

Histórico


De curral a cinema e praça



Em 1945 havia o curral para embarque de gado pela Great Western (https://bit.ly/2K1vgw5 , local escolhido também para ser a matriz da igreja católica e onde se construiu, em 1947, o Cine Bandeirante.

 

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e Outras Notas. 1982. Luís Wilson.

1940 - «No dia 1º de janeiro, no lugar vulgarmente conhecido por cuscuz, na praça da Bandeira (onde está hoje o cine Bandeirante), é lançada a 1ª pedra da futura matriz de Rio Branco, que foi benta pelo sr. bispo da Diocese de Pesqueira D. Adalberto Sobral. »

«A 16 de junho tem início a construção de nossa nova matriz (planta de Francisco Bolivar), não na praça da Bandeira, mas no mesmo lugar da antiga igrejinha de Nossa Senhora do Livramento, do capitão Leonardo Pacheco Couto, cuja primeira reforma datava, talvez, de 1865, contando-se que da antiga igreja ficou apenas o frontão. »

(Mais: https://bit.ly/3d95l1x ).

 

Cine Bandeirante. Histórias que o vento não levou”. Fernando Figueiredo, Brasília-DF, 2012

Pág. 19 «[…] O local escolhido para a construção do prédio fora um terreno adquirido pela quantia de oitocentos mil cruzeiros, em moeda da época. Naquele lugar funcionava um curral para as tradicionais feiras de gado que, logo depois, foram transferidas para o bairro de São Cristóvão. A planta do Cinema Bandeirante foi assinada pelo projetista Álano Freire.»

 

Prefeitos de Arcoverde, na época https://bit.ly/30UE5Bm:

11º - Severiano de Brito Freire (1945-1947) -nomeado

12º - Severiano José Freire Filho (1947-1951)

13º - Otacílio Moraes (1951-1955)

10-06-1944 - Diario do Estado, bit.ly/1IyKuCt, 3ª col.: «De Arcoverde: Tenho dever comunicar vossência inaugurei praça Barão do Rio Branco primeiro jardim público feito cidade dispendeu prefeitura Cr$ 34.302,30. Atenciosas saudações Oliveira Pessoa, prefeito.»

29-01-1946Diário Oficial, https://bit.ly/1SoQPaa , 1ª col.: 

«Prédio para cinema - Ainda em Arcoverde, fomos fazer o exame local onde se iniciou a construção de um edifício para cinema e contra a locação do qual, surgiram algumas reclamações. Com efeito a Prefeitura cedeu aos proprietários uma área no centro de uma praça existente na cidade. As construções em torno daquela praça não são valiosas. Restará para a circulação um espaço de 27 metros em cada face do novo edifício. É um precedente arriscado o de ceder áreas de servidão pública para construções privadas, mesmo quando se trate de prédios para diversões públicas. Em defesa desta sua medida, o prefeito alegou-me a dificuldade de obter área equivalente e bem situada em outro ponto da cidade. Alegou também que se trata de uma empresa cuja formação lhe parece interessante para a cidade, bem como considera necessária a instalação de um novo cinema, afirmando que os empresários condicionaram o empreendimento à cessão da mencionada área do terreno. »



 O prédio do Bandeirante na época da inauguração, ainda sem praça e sem calçamento. Esta foto foi utilizada (ver matéria no jornal) para a divulgação do evento.

01-06-1947 - Diario de Pernambuco. Inauguração: 2ª col. https://bit.ly/2NbuIp2

«Inaugurar-se-á hoje, na cidade de Arcoverde, o novo cinema que a firma E. Moraes & Irmãos, num tremendo esforço de coragem e boa vontade dotou aquela cidade sertaneja.

O majestoso edifício que domina a Praça da Bandeira é de construção moderna e sólida, estando aparelhado com o que há de mais moderno em maquinaria de projeção, mobiliário moderno e acabamento luxuoso.

O Cine-Teatro Bandeirante, que é o maior construído em todo o interior do nordeste, mantem também um excelente serviço de alto falante. Arcoverde está de parabéns com um melhoramento a altura do seu progresso e digno do empreendimento da operosa firma E. Moraes & Irmãos. Sendo apresentado o filme da Metro: “A FILHA DO COMANDANTE”.»

 03-junho-1947 - Diario de Pernambuco, https://bit.ly/2Vd1kDl , 4ª col.

«Pelos Municípios – Arcoverde - Confrontos humilhantes. Antônio Napoleão Arcoverde.

[…] Hoje, 1º de junho, está se inaugurando o novo cinema. Os seus proprietários, os irmãos Morais, não mediram sacrifícios para fazer obra digna do povo de Arcoverde. Foram além das possibilidades e da expectativa do público. Fizeram um edifício que é maior, no gênero, em todo o interior do nordeste. Dotaram-no da maquinaria moderna e de mobiliário confortável. Ornamentaram o cinema da aldeia como um cinema de capital. Não se pode fazer uma crítica. Tudo é bom. Não é humilhante o confronto entre o poder público e a iniciativa particular?»

 

História do Cinema Bandeirante”, José Leite Duarte (Rocky Lane), Arcoverde, 2011. Pág. 30

Diretores da Organização Bandeirante Ltda.

De 1947 até 1952 - Jonas Moraes

De 1952 até 1982 - Otacílio Moraes

11-09-1955https://bit.ly/30NBIyK Inauguração da Praça da Bandeira.

 

O sr. Roberto Moraes Filho informou para esta coluna que «o encerramento das Organizações Bandeirante Ltda foi em 05-04-1982

Lei n. 2.504/2017, https://bit.ly/2BCquUU , tomba como patrimônio histórico do município de Arcoverde o coreto da praça da Bandeira.


Cine Bandeirante. Histórias que o vento não levou

. Fernando Figueiredo, Brasília-DF, 2012

Pág. 21 «[…] A Praça da Bandeira. Posteriormente, foi implantada a moderna e bela Praça da Bandeira, na área onde foi erguido o cinema. Esta se ilustrava pela arquitetura proto-moderna local, construída na gestão do Prefeito Otacílio Moraes. Essa ação transformou a cidade de Arcoverde numa pequena metrópole do Sertão pernambucano, tornando-a uma das mais modernas e atraentes da região, a ponto de causar grande repercussão nas cidades vizinhas e nas pequenas cidades do interior.

O espaço tornou-se, então, uma paragem ideal para a juventude; um ponto de referência para a sociedade local, e servia para promover encontros entre amigos, casais enamorados, boêmios e intelectuais. Essa congregação de lazer e entretenimento foi, incontestavelmente, a mais frequentada, na era em que a galharda cidade de Arcoverde vivia o melhor dos seus anos: os anos dourados.»


  À direita do cinema, na praça da Bandeira n. 33, a casa onde nasci, em 1948, (onde aparecem 2 triângulos na fachada. Detalhe abaixo). De lá tenho as minhas primeiras memórias.




10 anos após a inauguração, a frente do Cinema Bandeirante.

 

Lateral esquerda da Praça da Bandeira.


Lateral esquerda, outro ângulo.


Foto colorida do Jornal de Arcoverde. Junho 2020. A praça passa por reforma.

 

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