Mapas Antigos
JORNAL DE ARCOVERDE – N. 277 – Janeiro/Fevereiro de 2014 – Caderno 1, pág. 11
Mapas
antigos
Pedro Salviano Filho
As
facilidades das novas ferramentas da informática tornam a busca de informações
e visualizações de locais e regiões muito rápidas. GPS , buscadores,
informações geográficas etc., vão se incrementando e se incorporando ao nosso
cotidiano, nos distanciando dos clássicos atlas e guias rodoviários (por ex.
ver http://goo.gl/C9etTg ).
Mas,
antigamente, como eram os mapas? Quais os mais antigos registros cartográficos
da nossa região? Quando, pela primeira vez, apareceu “Olho d´Água dos Bredos”, no mapa?
Entre
algumas curiosidades mostradas na web, encontramos, para 1630, informações e ilustrações de Olinda, sob o olhar holandês da
época: https://bit.ly/2M5BhZO .
Há dois
séculos, quando a nossa Olho d´Água
tinha suas primeiras habitações, surgiu o primeiro documento cartográfico da
região (como já vimos nesta coluna, só por volta de 50 anos após, 1860, é que
parece que começou a ser adotado o nome Olho
d´Água dos Bredos) , surgiu o
primeiro documento cartográfico da região. Trata-se de um mapa topográfico,
desenhado pelo piloto José da Silva Pinto, destacando a venda de terras em
Ororubá pelos Reverendos Congregados de São Felipe Neri. [1813] http://goo.gl/WJ5mRP . Uma
preciosidade que, além de precisar as principais localidades de então,
propiciará aos leitores que desejarem, à confecção de belo pôster ilustrativo
(bem como demais mapas apontados pelos links aqui mostrados). Sabe-se (Cablocos do Urubá, Recife, 1977, Nelson
Barbalho, pág. 41) que «Miguel da Fonseca Rego, tenente-coronel, capitão-mor do
Ararobá, João de Oliveira Neves e mais cinco outros co-sesmeiros – foram beneficiados
em conjunto com vinte e uma léguas de terras, com isenção de foro, concessão
datada de janeiro de 1691. Terras em pleno Urubá, situadas entre o
alto-Capibaribe e o rio Paraíba. Por doação do cel. Fonseca Rego e
companheiros, parte desse mundo de terras seria transferida, mais tarde, para
os missionários recoletas, passando a integrar o patrimônio da Congregação do
Oratório da Madre de Deus, ou de S. Felipe Néri, e assim favorecendo o
aparecimento, dentro de suas fronteiras, de povoações várias do alto-Agreste de
Pernambuco, tais como Brejo da Madre de Deus, Jacu, Jatobá, Poço Fundo, Pará,
Jacarará, Santa Cruz do Capibaribe etc.». No citado documento (ver imagem
abaixo) está escrito que este mapa topográfico mostra «as terras que foram dos
Congregados, desde a Barra do Bituri, pelo Ipojuca acima, até as suas
nascenças, e do poço fundo pelo Rio Capibaribe acima a Lagoa do Angu, nas quais
se acham compreendidos os sítios da Madre de Deus, São João, Inhumas e outros,
como abaixo se demonstra.»
O primeiro mapa
topográfico mostrando as terras da Serra de Ororubá e região afim – 1813 (onde começava a se estabelecer Olho d´Água, hoje Arcoverde. http://goo.gl/WJ5mRP
Mas,
como deveria ser um “guia turístico” de então? O pintor Anastácio de Santa
Anna, lá em 1816, apresentou o seu
colorido, ilustrado e curioso Guia de
Caminhantes https://bit.ly/2zs5eR6 .
Ainda
numa busca cronológica de mapas, tema que parece não estar ainda bem explorado
pelos pesquisadores, vemos um mapa topográfico da província de Pernambuco. Ele
foi apresentado pela junta do governo provisório da província de Pernambuco,
desenhado por Antonio Adolpho Frederico de Seweloh, em 1823, incluindo áreas de agricultura e até “terras incultas por
falta d´água”: http://goo.gl/n8AoWm .
Em 1845 surge o Diccionario geographico, historico e descriptivo do Imperio do Brazil
contendo a origem e história de cada província, cidade, vila e aldeia (Vol. 1: http://goo.gl/HuiwuV ;
Vol.2: http://goo.gl/BoljTh ).
Já em 1848 sai a Carta topographica e administrativa das provincias do Pernambuco
Alagoas e Sergipe: «Erigida sobre os documentos mais modernos pelo Vcde. J.
de Villiers de L'lle Adam»: http://goo.gl/ySsESb
.
Só em 1868 o Brasil teve o seu primeiro Atlas. «Destinado à instrução
pública no Império, o Atlas do Império do Brazil foi iniciativa de Cândido
Mendes de Almeida, professor de geografia e história de São Luís-MA. A obra impressiona
já pela riqueza das fontes utilizadas, listadas num inventário com praticamente
tudo que de essencial se tinha produzido sobre o território brasileiro: mapas
de todas as épocas e procedências; tratados diplomáticos; legislação; debates
parlamentares; relatórios oficiais; itinerários e relatos de viajantes;
projetos de estradas e de outras obras; livros de geografia, história e
estatística; crônicas de colonos e missionários; estudos das comissões
demarcadoras. Como revela o autor nos agradecimentos, o acesso às fontes
envolveu contatos políticos e pessoais com os que guardavam documentos então
inacessíveis. Abriram suas portas tanto cientistas e estudiosos, quanto altos
funcionários da burocracia estatal — destes especialmente os diplomatas e militares,
tradicionais detentores do saber sobre o território. Ocorre que, além de
professor, Cândido Mendes acumulava outros ofícios, numa trajetória que
entrelaçou a dedicação aos estudos e a atuação política — o que, aliás, foi
regra geral na elite letrada do Brasil oitocentista. Formado em Direito, ele
exerceu diversos cargos na magistratura e na administração pública, além de
cinco mandatos como deputado geral entre 1843 e 1871, quando foi escolhido para
o senado, nele atuando até a morte, em 1881.
Deixou muitas obras, dedicando-se
especialmente ao Direito e à Geografia, sendo reconhecido por sua produção
nessas áreas. Assim, o material preparado para fins didáticos era o que de mais
completo e de mais preciso havia no Brasil. Obra monumental, síntese de um
conhecimento disperso e descontínuo sobre o território, e um grande passo no
sentido de tornar público o que, a princípio, se restringia aos gabinetes de
diplomatas, administradores e comandantes militares. Cada vez mais aberto à
curiosidade do cidadão, o conhecimento geográfico avançava, com o Atlas, para
as (poucas) salas de aula do Império» [Mais em https://bit.ly/3d8TO39
].
O primeiro Atlas do
Brasil- 1868. Em cima, mapa do
Brasil, depois mapa de Pernambuco. https://bit.ly/2X5Dg6C .
Entre
vários outros mapas do século 19, temos uma carta do Império do Brasil, de
Pernambuco, atualizada por Duarte da Ponte Ribeiro, e que foi mostrada em 1873: http://goo.gl/C3ch4n
.
Porém,
foi em 1880 que o então povoado Olho d´Água dos Bredos apareceu pela
primeira vez: «Esboço de Carta
Corographica da Provincia de Pernambuco» (ver mapas abaixo).Mais mapas
antigos: www.oldmapsonline.org/
O mapa
reflete, assim, o conhecimento da sua época, permitindo uma mais fácil
navegação pelo mundo da história, com a aproximação mais fidedigna dos
acontecimentos que se distanciam inexoravelmente.
Acima o primeiro mapa que encontrei onde
aparece o nome do povoado OLHO D´ÁGUA DOS BREDOS (hoje Arcoverde)- 1880. Nele, muitos topônimos usados
então: Alagoa de Baixo (hoje Sertânia),
Conceição da Pedra (Pedra), Frexeira (Mimoso), São Caetano da Raposa (São
Caetano), Capim (Belo Jardim) etc. No
destaque deste «Esboço de Carta Corographica», povoados e vilas da nossa região
da Província de Pernambuco. Somente em 1909 é que OLHO D´ÁGUA DOS BREDOS deixou
de ser povoado e passou a ser vila. http://goo.gl/E8jvKM .
Mais artigos desta coluna: https://bit.ly/2TvZHPX.
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