Qual foi o berço de Arcoverde
Qual foi o berço de Arcoverde?
Pedro
Salviano Filho
Em janeiro deste ano tivemos um novo
encontro de confraternização entre os inseparáveis amigos de infância de
Arcoverde: eu, o José Carlos e o Antônio Estanislau. No tempo da Faculdade, em
Recife, pensamos em fazer isso todo ano, mas nem sempre deu certo. Os primeiros
encontros foram feitos no “Magestic Grande Hotel”, do Sr. Sobreira, da nossa
querida cidade. Desta vez nos reunimos durante três dias, no Rio de Janeiro.
Entre tantos assuntos que pusemos em
dia, eles tiveram a paciência de escutar algumas revelações que faço na minha
pesquisa genealógica, inclusive com o auxílio de livros que tenho obtido em
sebos eletrônicos.
Em nossas conversas relembramos nossa
infância e fatos que ajudam a compreender a história do nascimento de Arcoverde
e que achei interessante dividir com os leitores.
Eu nasci na Praça da Bandeira, 33, e
depois morei na Praça Barão do Rio Branco (continuação da av. Cel. Antônio
Japiassu). O Antonio Estanislau de Souza
Queiróz, nasceu na Rua da Linha (Rua Zeferino Galvão, paralela à Av. Cel. A.
Japiassu) e é filho do Sr. Luiz Gonzaga Queiróz, que foi vereador por 16 anos e
mora em Arcoverde. O José Carlos de Lira
Fernandes é filho do Sr. Zezé, José Fernandes Filho e foi morador da Rua
Leonardo Couto por muitos anos.
E onde nasceu Arcoverde? Em que ruas
moraram os primeiros habitantes? E se hoje pudéssemos ver tudo como num filme?
Foram essas perguntas que atiçaram nossas discussões. Não tivemos dúvidas sobre
isso, pois sabíamos que tudo aconteceu a partir da Rua Leonardo Couto, a rua aonde
íamos sempre visitar o Zé Carlos. Faltava apenas encaixar alguns dados
dispersos e desconhecidos, pois, quando nascemos, Arcoverde já era uma próspera
cidade, mas até 1910 ou 1912 só existia essa mencionada rua na, então, vila
Olho d´Água dos Bredos.
Como disse o Luís Wilson no livro MINHA
CIDADE, MINHA SAUDADE: “A Rua Leonardo Couto (ou Rua Velha) é a “mãe” de Arcoverde (Rio Branco). O “pai” é o olho d´água da rua Velha, o
Riacho do Mel.” Além disso, só existiam algumas poucas casas, registrou ele.
E quem foi Leonardo Pacheco Couto que virou nome de rua? Além de ter sido um
dos fundadores da cidade, ele foi o avô do Cardeal Arcoverde, pois Leonardo era
pai de Dona Marcolina Dorothéia Pacheco do Couto, esposa de Antônio Francisco
de Albuquerque Cavalcanti, o capitão Budá, pais do Cardeal. Uma pequena
compilação de escritos muito esclarecedores, do referido autor, sobre a família
Leonardo Pacheco Couto e assuntos correlatos, está no link https://cutt.ly/GyZ61Jc
Porém, o Luís Wilson em seu livro
MUNICÍPIO DE ARCOVERDE, diz que no Livro das Sessões da Câmara de Cimbres, é
que se encontram, para o ano de 1812, as primeiras referências à povoação de
Olho d´Água (depois “Olho d´Água dos Bredos”) e, em 1849, há a citação da
construção de uma estrada fazendo a ligação com a povoação da vila de Pesqueira.
Foi a partir dessa época que o caminho das boiadas (Roteiro do Ipojuca) começou
a passar ali. “Ainda em 1925 e até alguns anos mais tarde, era pelo meio da “Rua
Grande” ou “Rua do Comércio”, em Rio Branco, que passavam as boiadas que vinham
do sertão para Caruaru e o Recife”. A tal Rua Grande, paralela à Rua Velha,
virou Av. João Pessoa (1933), depois Cleto Campelo, que depois homenageou o
nosso primeiro prefeito, eleito, o Coronel
Antônio Japiassu.
Esta
foto é de 1932 e mostra a Rua Cleto Campelo (depois Avenida Cel. Antônio
Japyassu) que começava no "Beco da Coruja". A casa do Coronel é a
primeira à esquerda. Lá embaixo aparece a Rua do Grito que o Dr. Luís Coelho
começou a derrubar (entre 1932 e 1933). (Fonte: Roteiro de velhos e grandes sertanejos, vol. 6 – Luís Wilson).
Meu bisavô, Salviano Bezerra Leite de
Melo, deve ter chegado à Conceição da Pedra (hoje Pedra) no segundo quartel do
século 19, fugindo de uma seca e tocando o seu gadinho desde Cajazeira “do Rio
de Peixe”, na Paraíba. Na Pedra, casando com Joaquina Francisca de Sá, tiveram
os filhos Maria da Conceição Vieira de Melo – “Sinhara” (1855), Manoel Salviano Leite de Melo – “Né”,
Joaquim Salviano de Albuquerque – “Quinca” (1859-1919) e Francisco Salviano de
Melo Lanta – meu avô “Lanta”(1860-1948), nome acrescido, por ele, no final
daquele século 19. Quitéria de Holanda
Cavalcanti “Quiterinha” (1869-1952) é outra filha que meu bisavô teve (não
detectei ainda o nome da mãe), após a morte da Joaquina. Soube, por informações
deixadas por uma tia, que o bisavô Salviano foi sepultado em Umbuzeiro-PB, mas
não consegui mais nenhum dado documental a este respeito.
Mas agora me prendo ao Joaquim, para
mostrar o entrelaçamento de duas famílias que hoje representam uma frondosa
árvore genealógica - enraizada na Pedra, que, mais uma vez, tem os descendentes
espalhados em muitos lugares. Em junho
de 1898 Joaquim Salviano se casa (primeiro matrimônio dele) com Maria Rosa de
Albuquerque (1854-1908), viúva de Arnau de Holanda Cavalcanti (1850) que já
tinha muitos descendentes. Tudo isto está desvendado no site www.lanta.myheritage.com.
Outra
sugestão de leitura é o livro “Conceição
da Pedra. Um retrato em preto e branco da aristocracia rural do sertão
pernambucano” (Recife-PE, 2005) onde meu primo Ricardo Japiassu Simões
mostra interessante abordagem sobre as famílias. Na foto acima presente no livro estão o
Capitão Augusto Japiassu, ao centro Joaquim Salviano e à direita o Cel. Antônio
Japiassu.
Agora pulo para outro galho da árvore
genealógica para mostrar a chegada dos Japiassu à Pedra, em 1906.
Nesta altura é esclarecedor citar que
muitos apelidos eram oficializados como nomes em documentos. É o caso de
Japiassu que foi acrescentado a Mariano da Costa Araújo, criando um novo tronco
familiar. Também lembro que o meu bisavô adotou o seu nome Salviano, como nome
de família, para criar um novo tronco. Coisa daquela época...
Os leitores que desejarem se
aprofundar sobre os Japiassu da Pedra
podem consultar outra interessante e esclarecedora compilação feita em livros
do Luís Wilson, no link https://bit.ly/36TRGKc
Entre os filhos do Coronel Mariano da
Costa Araújo Japiassu estão a “Dona Babu”, Bárbara
Augusta Japiassu, nascida em 1881, que se casa em 1908 com o viúvo, meu
tio-avô, Joaquim Salviano de Albuquerque (em segundas núpcias dele), indo morar
no sítio Ribeirinha. Conforme os dados da minha pesquisa, transcrevo aquele
acontecimento: “Cartório de Registro Civil da Pedra. Certidão de Casamento N.
243, de 23 de setembro de 1908. No sítio Prateado, de Francisco Patriota,
município da Pedra, em casa de residência do Coronel Mariano da Costa Araújo
Japiassu, às 2 horas da tarde, com presença do juiz deste primeiro Distrito
Manoel Tenório da Cunha Cavalcanti, comigo, oficial do registro civil e as
testemunhas, Octaviano Octavio Japiassu e Augusto de Araújo Japiassu, recebem
em matrimônio Joaquim Salviano de Albuquerque, com 45 anos de idade, filho de
Salviano Bezerra Leite e Joaquina Francisca de Sá, natural deste município e
residente no mesmo, e Bárbara Augusta Japiassu, solteira com 27 anos de idade,
filha legítima do Coronel Mariano da Costa Araújo Japiassu e Izabel Tenório de
Araújo, natural de Leopoldina deste estado e residente neste Município. Também
assinam Octaviano Octavio Japiassu, com 36 anos de idade, comerciante residente
na Vila da Pedra, e Augusto de Araújo Japiassu com 35 anos, criador residente
na Vila da Pedra. Neumeriano Gomes de Sá Novaes, oficial efetivo”.
Entre os vários filhos deles, está Izabel
Japiassu Salviano – “Biluca”, que nasceu em 1910 e que em dezembro de 1926 se
casa com seu primo em primeiro grau, meu tio “Dão” – João Campelo Salviano
(1901-1989), filho do meu avô Francisco Lanta. Desse casal “Dão e Biluca”, nasceram meus primos, Getúlio
Campelo Salviano, Murilo Campelo Salviano, João Batista Campelo Salviano,
Elisabeth Campelo Salviano e Maria Elça Salviano de Oliveira, com muitos descendentes.
Outro filho deles foi Augusto de Araújo Japiassu (1874-1949)
que, casado com Rita Rafael Japiassu - “Dona Mocinha” (1885-1941) - teve, entre
vários filhos, Maria do Carmo Japiassu – “Carminha” (1909-1992) que se casou
com meu outro tio, José Campelo Salviano (1903-1995), que foi prefeito da Pedra
(1951-1954). Com apenas uma filha, a minha prima Safira Campelo Brito, tem-se
hoje uma profícua descendência (http://www.myheritage.com.br/site-27419231/website-da-familia-britto ).
Ainda do primeiro casamento do Cel.
Mariano foi Antonio Japiassu. Ele nasceu
em Parnamirim em 1882, e depois foi para Monteiro (PB); passou um tempo em
Recife, onde casou, indo depois para Branquinha (AL), retornando à Recife, onde
foi comerciante e, em 1906, veio para Pedra onde viveu até 1924, quando se
mudou para Rio Branco (Arcoverde). Aqui foi o
primeiro prefeito eleito, tomando posse em 15 de novembro de 1928. Ele havia
sido um dos líderes do movimento de elevação da vila de Rio Branco à categoria de município do mesmo nome. Caiu com a Revolução de 1930, indo morar, então, em sua Fazenda Tatu por 13 ou
15 anos. Depois vende sua fazenda e vai residir em São Paulo. Após alguns anos
vem para Garanhuns, onde fica um ou dois anos. Adoecendo, vai para Recife. Faleceu
em 29 de outubro de 1957, após uma cirurgia de vesícula.
Hoje ele é nome da avenida paralela à
Rua Velha e também nome do meu antigo Grupo Escolar Cardeal Arcoverde. Estas
duas vias, Leonardo Couto e Cel. Antônio Japiassu, são, assim, o berço de
Arcoverde.
E, para nossa próxima
confraternização, possivelmente em Fortaleza, onde mora o Estanislau, novos
questionamentos sobre a nossa cidade natal poderão ser tema de nova e
interessante discussão, quem sabe, mais uma rua da nossa história.
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