Retratando Arcoverde


JORNAL DE ARCOVERDE N.275 – Setembro/Outubro de 2013 – pág. 9

Retratando Arcoverde

Pedro Salviano Filho

Certamente a fotografia é uma das ferramentas mais importantes para a comunicação. É um meio de expressão realista que permite contar a história, registrar a memória. Dada a sua importância, pode-se notar que, muitas vezes, ela é maltratada. Ainda não atingimos uma cultura visual e nem parece que valorizamos o ensinamento do filósofo chinês Confúcio: «Uma imagem vale mais que mil palavras». Onde estão depositados os acervos fotográficos da nossa região?
                No que pese o empenho de abnegados arcoverdenses em resgatar imagens da nossa cidade, especialmente através de publicações de livros históricos, muito se pode fazer para a preservação de flashes da nossa história que, com o passar do tempo, vão se perdendo pelos anos.
                Mas, quando começaram a ser realizados os registros fotográficos no Brasil? O livro «Hercule Florence: a descoberta isolada da fotografia no Brasil» de Boris Kossoy, http://goo.gl/5THnte , nos dá interessantes informações sobre o pioneiro da fotografia no Brasil. Basicamente os retratos brasileiros começaram a ser realizados a partir de 1840 (com o daguerreótipo, em 16 de janeiro, com Louis Compte. Dom Pedro II tornou-se um grande entusiasta da daguerreotipia e, antes mesmo de completar 15 anos de idade, começou a fotografar e colecionar fotografias - http://goo.gl/SPQSar ). Com a divulgação da fotografia, muitos fotógrafos passaram a se estabelecer em várias capitais, inclusive no Recife.
                Recentemente uma parte do acervo do jornal Diário de Pernambuco (de 1825 a 1873), passou a ser disponibilizada pela Universidade da Flórida para pesquisa pela web http://ufdc.ufl.edu/AA00011611/. A pesquisa por palavra pode ser feita pelo site da Google: site:http://ufdc.ufl.edu/AA00011611/ palavra (<-substituir palavra pelo nome que deseja pesquisar). Nesse importante «jornal mais antigo em circulação na América Latina» encontramos anúncios sobre fotógrafos. Entre eles anúncios de 1866: http://goo.gl/jIXkpW .
                O Instituto Moreira Salles mostra fotos antigas do Recife: https://bit.ly/3f4alGe .
                Porém, quais os primeiros arcoverdenses («olhodaguenses») fotografados?
                A Fundação Joaquim Nabuco disponibilizou quase cinco mil documentos na «Coleção Francisco Rodrigues», com fotografias do século XIX e início do século XX: http://digitalizacao.fundaj.gov.br/fundaj2/ . Também o portal Domínio Público dá opção para baixar fotos da coleção citada e de outras: http://goo.gl/Kw7X .
                 Os filhos de Budá em Roma: Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (nascido em 1850), Leonardo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1855), Antônio Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti (1851) e Francisco de Albuquerque Cavalcanti (1856). Foto Rinaldini. http://goo.gl/M6xc3Z.

Já foi abordado nesta seção em outras edições o tema sobre a família Arcoverde: https://bit.ly/2UnwfvU  https://tinyurl.com/ybqz37yu . Mais fotos de século 19 da família Arcoverde: http://goo.gl/Z4Fb  (tipo=imagem, título= Arcoverde).
                Agora focamos a fotografia em nossa região. Quem foi o primeiro fotógrafo a se instalar em Arcoverde (século 20)?
                Quem nos responde é Luís Wilson: «Foi Otaviano Zeferino Neves. Desde que veio para Rio Branco foi o fotógrafo de todos os meninos, de todas as moças, dos rapazes, de todos os batizados, de todos os casamentos e de todas as festas da cidadezinha». Continua Luís Wilson: «No dia 4 de junho de 1943 morre em Rio Branco Otaviano Zeferino Neves (Otaviano Neves), nosso primeiro fotógrafo de Rio Branco cerca de 23 anos. Ele chegara em 1920, vindo de São Sebastião do Umbuzeiro (PB), onde nascera em 22-8-1886. Sua cunhada, D. Amélia, ficara viúva, tenho a impressão que em 1919, de Silvio de Aguiar Campelo, proprietário da Padaria Confiança e de uma Mercearia em nossa atual Av. Cel. Antônio Japiassu, em Rio Branco. Depois da morte de Campelo, vendeu D. Amélia a Padaria Confiança a Manuel (Noé) Nunes Ferraz (recém-chegado de Vila Bela) e a Mercearia, a Euclides Arantes. Otaviano, fotógrafo e funcionário da nossa Prefeitura (administração Dr. Luís Coelho), era casado com D. Dorinha e são os pais de Hilda, Djanira (mais tarde, senhora Maurício Ferraz), Gracinha (que casou com Antônio Cadena), Berenice (também casada, com sucessão) e Zé Neves  (25-3-1933 – 26-8-1967)»  Município de Arcoverde (Rio Branco) Cronologia e outras notas. Luíz Wilson, 1982, pág. 160. Já na pág. 314 de Minha Cidade, Minha Saudade ele revela:
                «Na década de 30, Dr. Luís Coelho recebia sempre a Sociedade, no clube “Independentes”, no dia do seu aniversário – 25 de maio. Era a maior festa do ano, em Rio Branco, na minha adolescência e no meu tempo de rapaz. Estavam sempre presentes, além de grande turma de Pesqueira... e ainda, entre muitos, Otaviano Neves, dedicado amigo do Dr. Coelho, até o dia de sua morte, ocorrida em Buíque (04-06-1943), onde estava a serviço de sua profissão de fotógrafo.
                Nascido na fazenda “Santana”, município de São Sebastião de Umbuzeiro, na Paraíba, no dia 11 de dezembro de 1887, Otaviano foi para Rio Branco em 1919 ou 1920. Era filho de Manuel Zeferino Neves e de sua esposa, dona Sebastiana Gomes de Almeida Ferraz (tia do Cap. Vicente Gomes), pais, também, de Manuel Crispiniano, José, Olímpio, já falecido), Judith (também falecida), Maria e Crispim (este último, igualmente, falecido)».
                Encontramos no livro 6 de óbitos (1943-1945) do registro civil de Arcoverde, sob n.  1568, fls.26/27 (imagem 37/247 http://goo.gl/iyhmdY ) que ele faleceu em Buíque, com angina do peito, em 4 de junho de 1943 e foi sepultado no cemitério público de Arcoverde. Segundo o livro «Na sombra do juazeiro», o padre João Jorge Rietveld mostra que Otaviano Zeferino Neves era irmão de Crispiniano Neves. Este, nos anos 1935 a 1937, trabalhou como fotógrafo na então «Alagôa do Monteiro»).
                «Seu» Crispim, como era conhecido, foi fotógrafo de muitas famílias, inclusive da minha. Tenho várias fotos que registraram o desenvolvimento dos meus familiares. Ele era casado com a sra. Alzira. Viúva, ela vendeu o acervo que sobrou das placas fotográficas para o Sr. Carlos Carvalho, hoje estabelecido em Recife (carlosvideoefotos@gmail.com ). Boa parte deste acervo já foi apresentada inclusive em ÍCONES. PATRIMÔNIO CULTURAL DE ARCOVERDE, livro de Roberto Moraes e CINE BANDEIRANTE. HISTÓRIAS QUE O VENTO NÃO LEVOU, de Fernando Figueiredo.
                Outro fotógrafo que se destacou em Arcoverde foi Manoel Campos. Todo o seu acervo foi adquirido por José Campos Pereira («Biuzinho») que o repassou para Campercolor que, segundo ele, nada mais possui daquelas fotos.

Fotos à esquerda do acervo O. e C. Neves.
À direita Jornal de Arcoverde (out.2013)
Edifício Ilitosa, onde funcionou o Banco do Povo, da Bahia... e funciona o Bradesco.
Cine Bandeirante, inaugurado em junho de 1947, permaneceu em atividade até 1983. Hoje lá funciona uma loja comercial.
1915 – Manuel de Siqueira Campos manda construir a Estrada de Triunfo a Rio Branco... Os automóveis em que viajaram a Triunfo o Dr. Manuel Borba, governador do Estado, e sua comitiva [para inauguração] (um dos quais do Cel. Delmiro Gouveia e outro do Dr. Romeu Pessoa de Queiroz), vieram até Rio Branco em um carro de nossa antiga “Great Western”. Município de Arcoverde (Rio Branco), 1982 – Luís Wilson, pág. 83.
Rua Alcides Cursino, até anos 60 era Augusto Cavalcanti (mais antigamente, rua do Cuscuz).
Rua Grande, rua do Comércio, rua João Pessoa, rua Cardeal Arcoverde, rua Cleto Campelo... atual Av. Cel. Antônio Japyassu.
Outro ângulo da Av. Cel. Antônio Japyassu, em mais uma imagem do acervo do Sr. Crispiniano Neves (Sr. Crispim).

Mais artigos desta coluna: https://bit.ly/3eXb4ZA

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