SANBRA de Arcoverde, hoje CECORA


JORNAL DE ARCOVERDE n.296 – Março/Abril de 2017

SANBRA de Arcoverde, hoje CECORA

Pedro Salviano Filho



Sanbra, inaugurada em 1919. Desde 1986 Cecora: goo.gl/maps/pU8Na). Foto do acervo O. e C. Neves, por cortesia do Sr. Carlos Carvalho (Recife).

A cultura do algodão no sertão pernambucano induziu a industrialização do próspero distrito pesqueirense. Em 1919 foi inaugurada em Rio Branco (depois Arcoverde) a Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro - Sanbra. Muitas gerações participaram das atividades dessa importante firma no progresso do município, registrado por vários historiadores. Até um famoso incêndio, ocorrido em 1925 (há 92 anos), tem seu resgate detalhado a partir de um jornal da época. Em 1983 a SANBRA é adquirida pelo município e suas edificações são adaptadas para comportar o Centro Comercial Regional de Arcoverde, Cecora, inaugurado em 1986.
A economia algodoeira em Pernambuco. Da colônia à Independência. https://goo.gl/bPZXjE José Ribeiro Junior. R. bras. Hist., São Paulo, set.1981
Página 235: «[...]O algodão em Pernambuco entre a década de 1760 e a de 1820, período no qual procuramos estudar a cultura algodoeira desde a sua introdução até o momento em que a planta atinge níveis de produção comerciáveis, integrando o agreste e o sertão na economia de mercado. Planta essencialmente tropical, o algodão era conhecido no Brasil pelos indígenas desde o primitivo século da colonização[...].Página 237: O surto do algodão em Pernambuco, como em todo o nordeste, localizou-se nas regiões semiáridas e subúmidas.[...]. Pág. 238: [...]Em 1816, o maior proprietário de que se tem notícia, na lavoura do algodão em Pernambuco, era Antônio do Santos Coelho (capitão-mor) instalado nas terras de Cimbres, solo de excelentes qualidades. Ele possuía 600 a 700 escravos e, segundo se pode concluir, dominava a produção algodoeira na região. Seus genros tinham 315 escravos. Constavam, inclusive, queixas contra eles de usurparem terras dos índios e a outros proprietários.»


Carregador de algodão. Viagens ao nordeste do Brasil. Henry Koster. Página 206

Viagens ao nordeste do Brasil. Henry Koster. Cap.XVII.  2ª edição, Recife-PE, 1978, página 353.
1809 - «Agricultura. Algodão. Essa valiosíssima planta não se tornou menos preciosa para Pernambuco que a cana-de-açúcar, devido aos grandes pedidos de algodão desta província para as vizinhas e para os mercados britânicos. Novas fundações para o plantio de algodão são criadas anualmente, não obstante as dificuldades que surgem para a realização desse objetivo. Os distritos escolhidos com esse propósito são geralmente no interior, como melhores indicativos para o crescimento, e distantes das praias do mar, áridos, e algumas vezes escassamente supridos de água fresca. Há mesmo falta absoluta d'água, em várias ocasiões, ao mesmo tempo em que regiões próximas estão perfeitamente supridas nesse particular. A opinião geral é que o algodão não nasce nas terras próximas ao litoral e que as frequentes mudanças atmosféricas lhe são prejudiciais. As estações do inverno e do estio são mais regularmente marcadas a certa distância do mar, e nessas regiões as variações sucessivas dependem menos da superabundância das chuvas do que de sua escassez. O algodoeiro requer que o tempo esteja seco durante uma boa parte do ano. Se as chuvas caem quando o capucho está aberto, a lã está perdida, tornada amarela, diminuindo e ficando completamente inútil para o uso. O solo preferido para sua semente é o de barro vermelho escuro, ocasionalmente veiado de amarelo, vezes extremamente duro nos longos intervalos sem chuva. Os algodoais anualmente mais e mais se alongam para o interior, sobretudo nos planos do Sertão que permitem esse avanço. As plantações dessa espécie que estavam antigamente próximas da costa, são hoje utilizadas noutros gêneros de sementes. A constante exigência de novas terras requerida pela cultura do algodão, porque se julga necessário deixar a terra em repouso por vários anos antes de trabalhá-la novamente, pode, de alguma forma, explicar esse fato. Pode ser, igualmente, que o desenvolvimento rápido das populações ao longo do litoral possa ter determinado esse efeito, forçando a saída daqueles que cultivam um objeto de comércio, para dar lugar aos outros que cultivam os elementos necessários aos habitantes locais. O algodão é somente vendido em caroço pelo plantador, isto é, antes de ser separado da semente, e muitas pessoas encontraram meios de subsistência preparando-o para os mercados de exportação, mas como o labor e a conveniência aumentam nessa situação, os negociantes se instalam perto dos algodoais. Vão recuando na mesma proporção. Alguns anos antes via-se, a duas léguas do Recife, numerosas máquinas de descaroçar o algodão. Há poucos anos foram mudadas para Goiana e atualmente os principais pontos desse mercado são Limoeiro e Bom Jardim, lugares, como já descrevi, com muitas léguas de distância da costa. 
As terras são limpas para plantar algodão na maneira ordinária, cortando-se as árvores e queimando-as, e os buracos para semear são cavados em forma quadricular, numa distância de seis pés, uns dos outros, e são postos, comumente, seis sementes em cada escavação. Nas colônias britânicas é necessário semear de oito a dez caroços. O tempo para plantar é em janeiro, depois das primeiras águas, ou início do ano, logo após as chuvas caírem. O milho é comumente plantado entre os algodoeiros. Três, e algumas vezes quatro safras são obtidas com as mesmas plantas, mas a segunda colheita é a que dá, geralmente, os melhores tipos.
O arbusto é de bonita aparência, especialmente quando está coberto de folhas e cheio de lindas flores amarelas, mas os capulhos começam a abrir e a folhagem a secar, e seus finos galhos esparsos ficam despidos, e a planta recorda muito a uma negra muita de groselhas que há longo tempo não se poda. O algodão é colhido em nove ou dez meses.
A maneira para descascar o algodão é simples e podia ser mais simples ainda. Dois pequenos cilindros canulados são postos horizontalmente, um tocando o outro. Cada extremidade desses cilindros, numa ranhura, há uma corda enrolada, ligada a uma grande roda que está distante poucas jardas, onde fixam duas manivelas que são movidas por dois homens. Os cilindros são dispostos a movimentarem-se em sentido contrário, de forma que o algodão é posto em um deles e levado para o outro lado mas as sementes ficam porque a abertura entre os cilindros não é bastante larga para facilitar-lhe a passagem. A máquina usada nas colônias britânicas parece ser de construção maior mas é bem mais simples, porque o cilindro é movido pelo pé da pessoa que maneja o algodão. Depois dessa operação restam ainda algumas partículas das sementes quebradas, assim como outras substâncias, que devem ser retiradas. Para este fim, amontoa-se o algodão e o batem com paus grossos, processo que muito danifica a fibra, rebentando-a, e como o valor da procura para o fabricante depende sobretudo do comprimento da fibra, tudo devia ser feito para que esse processo fosse substituído.
As sementes aderem “firmemente umas às outras no espulho”, informa mr. Edwards falando de uma espécie das colônias britânicas, a qual denomina hidney-cotton, dizendo crer que seja “o verdadeiro algodão do Brasil”. O algodão amarelo de nanquim também é encontrado em Pernambuco, mas não constitui um artigo de comércio, mas é olhado como uma curiosidade. Vi igualmente algumas espécies de algodão selvagem mas como não obtive amostras não me é possível pretender dar descrição.
Os lucros alcançados pelos plantadores de algodão, nos anos favoráveis, são enormes mas as perdas experimentadas são frequentes. Ás vezes toda uma safra, de belo aspecto, é totalmente perdida. Certos anos são improdutivos ou n´outros, depois de promessas lisonjeiras, o joio, as lagartas, a chuva ou os estios excessivos, destroem todas as esperanças de uma futura colheita. A outra grande fonte do agricultor, a cana-de-açúcar, não é tão sujeita aos muitos e desastrosos revezes, e quando um ano é desfavorável, o imediato satisfará todas as despesas realizadas. Verifiquei que o mercado é fracamente afetado pelas esperadas quedas das safras, porque é digno de lembrança que, em país assim vasto, um distrito escapa do desastre enquanto os demais se arruínam.
A qualidade do algodão que é produzido na América do Sul, seja ao norte ou ao sul de Pernambuco, é inferior ao desta província. O algodão do Ceará não é tão bom e o do Maranhão é menos ainda. O algodão é comodamente embarcado nos portos desses dois pontos. Seguindo de Pernambuco para o sul, o algodão da Bahia não é bom e a pequena quantidade produzida no Rio de Janeiro é menos próprio que a baiana.
Tratando do açúcar e do algodão, expus as linhas essenciais que diferenciam os produtores das Antilhas dos do Brasil. Os meus leitores que tiverem interesse, envio-os ao citado e bem conhecido livro que consultei (History of the West-Indies, por Edwards).» [https://bit.ly/2AnrU5g ]

1919 - O Município de Arcoverde, 1951, Teófanes Chaves Riveiro, Prima, ( https://bit.ly/2BqO6vy ) página 25: «Indústria – Apenas se encontram em Arcoverde, pequenas indústrias: sapatarias, movelarias, fábricas de bebidas, de lacticínios etc. Seu principal estabelecimento fabril, é a Usina de beneficiar algodão, pertencente à Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro S/A (Sanbra), cujas instalações foram montadas pelo engenheiro Francisco de Assis Brandão Cavalcanti e inauguradas no dia 8 de dezembro do ano de 1919. É acionada por dois motores Deutz num total de 265 HP. Nos períodos das safras mantém duzentos operários, mais ou menos, entre homens e mulheres. Seu movimento de compra de algodão no ano de 1950 atingiu a quantia de Cr$ 31.701.126,80. Sanbra tem em sua gerência, atualmente, o sr. Emanuel Veras.»

14-08-1920 - Jornal do Recife,   goo.gl/C9M4mm  , 1ª col.: A coluna “Pelos municípios” resumia os principais acontecimentos de Rio Branco. Entre eles: «[...] Não regateamos aplausos àqueles industriais pelo melhoramento que acabam de introduzir nesta vila. - Também estão bem adiantados os trabalhos da construção da fábrica de beneficiar algodão, de propriedade da Companhia Algodoeira Nordeste do Brasil. (Do correspondente). Rio Branco, 10-8-920.»

24-09-1925Jornal do Recife, goo.gl/gjvMBg  , 1ª col.: De Manoel Gregório Teixeira da Lapa. Informações diversas de Rio Branco sobre Lampião, Banco do Brasil, incêndios
«Incêndios - À semana passada foi destruída pelo fogo uma carroça carregada de algodão e desgarrada providencialmente do trem que, poucos minutos antes das 15 horas, saíra da estação local; três outras arrojaram-se linha abaixo e foram de encontro a uma barreira sobre a qual montaram, correndo [..] cerca de dez metros ou mais. Foi um espetáculo terrível[..] de carros carregados de algodão despedaçando-se uns contra os outros e quase sepultando nos escombros a "dulçurosa" pessoa de Simão Rocha, o proprietário da afamada goiabada marca TIGRE, bem como dois aleijados boiadeiros que fizeram a esquisita "cavalgada das walkyrias" no carro-brake, implorando misericórdia e cerrando os olhos como para diminuir a dor da morte. Graças a Deus, porém, nem perdemos a boa companhia do Rocha, nem a carne verde subiu de preço, porque os boiadeiros nada sofreram.
Hoje tivemos o desgosto de assistir à destruição por novo incêndio, dos grandes armazéns da usina de Pinto Alves & Cia (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro). Seriam seis horas da manhã quando se notaram as primeiras nuvens de fumo emergentes do teto da usina. Incêndio! diziam uns meio surpresos, enquanto outros contestavam: Expurgo de algodão pelo funcionário que a higiene nos remetem, coberto por um sebaceo bonet do D.S.A.! Afinal, após alguns minutos de indecisão e bons augúrios, a população de Rio Branco foi sacudida pelo brusco acontecimento e, dentro em pouco, estava coalhado de gente de todos os matizes o grande pátio da usina cujas dependências foram tomadas pelo respeito abnegado de todos quantos se empenharam na luta contra o ígneo elemento. Subiam as línguas de fogo contra as quais pouco valiam os esguichos mirrados dos "fire-extinguishers" da usina lamentavelmente desprovida de material de urgência em casos desta natureza: foi quando o povo apelou para as latas d´água para os ganchos de puxar fardos de algodão, para a apanha do ouro branco, para o esvaziamento dos depósitos da usina, para o ataque generalizado e intenso ao fogo cujas labaredas lambiam já o teto e soltavam gargalhadas rubras para a rua, rasgando os lábios graníticos do fortíssimo casarão de cimento armado. Espetáculo tétrico e, no mesmo tempo, empolgante, como todos esses em que o fogo toma parte! Uma desolação geral, um verdadeiro afã em prol da usina que dá trabalho a tantos operários, que tanto impulso empresta ao programa da terra do Jé. E foi verdadeiramente confortável e edificante o desprendimento, a verdadeira abnegação, a bravura quase temeridade com que se arrojaram ao combate empregados e operários da usina, negociantes dos mais importantes da localidade, o próprio molecório da rua recrutado por Boleiro, enfim todos quantos não se deixaram ficar em casa, ou porque sejam preguiçosos, ou porque tenham na alma a eterna desconfiança dos incêndios cujo aspecto os acompanhe, ou porque lhes pareça sempre nada o sofrimento e a dor alheios. Foi um trabalhar sem tréguas em que todas as boas vontades se confundiram e se ajudaram, até que, por cerca de meio-dia, baixava a fúria do sinistro, fora localizado o incêndio, embora com a destruição de quinhentos e muitos fardos e sacas de algodão, todo o stock da usina neste dia. Muito sofreu o algodão em rama quase todo molhado e outra vez ciscada por força da manobra a que o sujeitaram com o fito de livrá-lo das chamas. Distinguiram-se pelo esforço e abnegação no afanoso trabalho contra o fogo o sr. Ignácio Mariz, auxiliar da usina, um possante negro trabalhador da firma Nebrídio, Campos & Cia., os quais se atiravam às chamas desassombradamente, derramando latas d´água e conquistando fardos e sacas de algodão à fúria do inferno desenhado no recinto rubro; e os senhores Ernani Gomes, Cícero Ferreira, Zezé Cavalcanti, Joaquim do "burro", este popular funcionário da Great Western, um moço funcionário da usina Novaes, o coronel A. Velloso, o sr. Jerônimo Jé, o sargento Jayme, o dr. Delphim Araújo que, apesar de doente, tomou encargo de preparar as soluções para os extintores, o sr. João Manso de Barros, um português empregado de Joaquim Soares, o sr. Manoel Fernandes, um viajante de Garanhuns o qual muito trabalhou, o sr. Cícero Cordeiro, o coronel Japyassu e o capitão Fiuza,  gerente da usina, o qual se encontrava em viagem para Caruaru, tendo sido chamado por telegrama urgente, quando passava por Pesqueira no comboio da Great Western. Inúmeras outras pessoas, inclusive operários da usina entre os quais muitas mulheres e meninas, trabalharam à porfia; não lhes citamos os nomes, porque esse Jornal é pouco e nós os ignoramos, entretanto, os srs. Pinto Alves & Cia, e a Sociedade Algodoeira devem enxergar na população de Rio Branco, uma verdadeira legião de amigos e abnegados. A polícia fez "hombro armas!" e montou guarda aos escombros, mas - exceção do sargento - nenhum soldado fez exercício de bombeiros, o que certamente é reprovável. Esteve no local do alinstro o subdelegado sr. Francisco Jé. O empregado da usina, chamado Esmeraldino, portou-se com muita galhardia no serviço de ataque ao fogo, bem como o maquinista e foguista da mesma empresa, ambos esforçadíssimos no desempenho de suas obrigações. Numa palavra ninguém se poupou ao serviço; todos deram provas do espírito fraternalíssimo deste povo nordestino. Já em meio ao sinistro, foi adotado o alvitre de canalizar água do poço da usina para os salões abrangidos pelas chamas; mas faltavam canos. Foi quando a exma. viúva Rodrigues mandou abrir seus armazéns e fez transportar num dos caminhões todo o sortimento de canos e material necessário à nova tentativa imediatamente posta em prática pela tenacidade do jovem funcionário filho do dr. Elyseu, dos eletricistas da firma Brandão. Cavalcanti, ambos sobremodo esforçados e prestativos, do maquinista da usina e do viajante de Garanhuns, todos aliados à boa vontade, ao desprendimento e à calma com que o sr. Cícero Ferreira distribuía o material trazido dos armazéns da firma que dirige, demonstrando ele próprio a estupenda força muscular de que é dotado, além do sangue frio com que encarava a situação. Todavia, ninguém pode contestar que as honras do supremo esforço e heroísmo cabem a Ignácio Mariz, ao negro da casa de Nebrídio e a Delphim Araújo, cada qual na esfera dos misteres a que se dedicaram.
No local do sinistro vimos também o inspetor do Banco do Brasil, sr. Atahualpa Guimarães, acompanhado do gerente Álvaro Pinheiro.
Ai está a primeira consequência do expurgo a que obrigaram o algodão, para livrá-lo do micróbio da peste.
Hoje à tarde reuniram-se os comerciantes de algodão e passaram dois longos despachos telegráficos, um ao dr. Amaury de Medeiros, e outro ao prefeito de Pesqueira, o major Cândido Britto, solicitando a interferência de ambos no sentido de fazer cessar a inconveniente providência de expurgo do algodão enfardado para embarque. Porque, a julgar pelo princípio, a vila de Olho d´Água dos Bredos se arrasa com outro incêndio de algodão expurgado. Vamos ver qual providência nos dará o esforçado diretor da Higiene Estadual.»
28-02-1935 - Diário de Pernambuco, goo.gl/yVQxfx , 6ª col. Pelos municípios. Rio Branco. Embaixada acadêmica carioca visita Sanbra etc.
21-12-1937 - Diario do Estado, bit.ly/1QBt8Hi , 1ª col.: “Instituto de Pesquisas Agronômicas. Relatório de inspeção. Sanbra” (2ª col.).

Minha cidade, minha saudade, Recife-PE, 1972 - Luís Wilson, página  399: «Meu pai me contou que está com o Bar da rua Grande, em Rio Branco, desde 1926. Eu pensava que ele o havia comprado alguns anos depois, mas o engano é meu.
Eu tinha também a impressão, de que um, grande incêndio que houve na SANBRA, no meu tempo de menino, havia sido em 1928.
Esmeraldino, que chegou a Rio Branco em 1913 e trabalhou na “ Algodoeira", quase que toda a sua vida, contou-me, no entanto, da última vez em que estive em Arcoverde, que aquele incêndio foi em 1924. Mais de 250 fardos de algodão de 250 quilos,  mais de 70 fardos menores e muitas sacas de mamona pegaram fogo. Os jumentos da cidadezinha não pararam, carregando água do "seu" Jé até à tarde.»

Município de Arcoverde (Rio Branco). Cronologia e outras notas. 1982 – Luís Wilson, Recife-PE. Página 103.
«Mais de 250 fardos de algodão de 250 quilos, mais de 70 fardos menores  e muitas sacas de mamona pegam fogo na Sanbra (Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro), em Rio Branco, nosso maior incêndio em todas as épocas. Não sabemos, aliás, de outro incêndio, entre nós. As carroças de bois, compridas e de 4 rodas, de “mestre” Leôncio, de Zé Ferreira, de ”seu” Albino, e os jumentos da cidadezinha passaram o dia carregando água de “seu” Jé (Cel. Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque Jé), no fim da “rua”, coisa alguma, evidentemente, podendo fazer para apagar o fogo.
“ A Sanbra, cujos edifícios foram inaugurados no dia 8-12-1919, era nosso principal estabelecimento fabril, acionado por dois motores Deutz de 265 HP, mantendo no período da safra cerca de 200 operários.»


Centro Comercial Regional de Arcoverde Vereador Ulisses de Britto Cavalcante: Cecora, fundado em maio de 1986. Foto PSF nov.2015.

Arcoverde. História político-administrativa. Brasília-DF, Sebastião Calado Bastos, 1995. Página 198.
«Logo em seu primeiro ano de mandato, o prefeito Ruy de Barros realizou um feito de caráter administrativo da maior relevância, fazendo-o merecedor do respeito de todos os arcoverdenses.
Contando em todos os momentos com o governador Roberto Magalhães, o executivo municipal resolveu fazer uma proposta à Sanbra – Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, para aquisição de toda a área ocupada por essa empresa, inclusive as edificações nela existentes.
José Valdeci do Amaral, funcionário da Sanbra em Recife e o dr. Inácio Menezes, ex-gerente, tiveram fundamental importância no negócio, ao fazerem gestões junto ao representante da firma em São Paulo, o espanhol Herrera.
A proposta do prefeito, que viria a ser aceita, totalizava oitenta milhões de cruzeiros, sendo trinta milhões de entrada e mais cinquenta milhões parcelados.
O governador garantiu a parcela inicial de trinta milhões de cruzeiros, importância paga em 10 de dezembro de 1983, por ocasião da assinatura do instrumento formal de compra e venda e a prefeitura apresentou carta de fiança bancária em cobertura das cinco parcelas restantes de dez milhões de cruzeiros cada uma.
Efetivava-se assim um grande empreendimento, que viria aumentar substancialmente o patrimônio da municipalidade, sem contar os benefícios decorrentes da utilização desse complexo arquitetônico, pois no Cecora foram instalados duzentos e oitenta boxes, dezesseis mil metros quadrados de calçamento, quarenta e oito postes de eletrificação, posto de saúde e comissariado, para relocação da feira livre.
Em convênio com a LBA procedeu-se à implantação da 1ª etapa do Espaço Cultural no Cecora.»


Mercado Público de Carnes Joel Vilela da Silva, inaugurado em 17-10-2015 no Cecora. Foto PSF nov. 2015.

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